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Depois de São Paulo, cana chega a Minas

Responsável por cerca de 70% da moagem de cana-de-açúcar do País, o Sudeste tornou-se um grande polo produtor por causa do clima favorável, solo fértil, melhores condições de logística e proximidade do centro de consumo. Na safra 2010/11, cerca de 660 milhões de toneladas de cana devem ser processadas no País, das quais 60% serão moídas em São Paulo, segundo estimativa da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica).

“A cana precisa das quatro estações e, por isso, deu tão certo em São Paulo”, resume o presidente da Cosan Açúcar e Álcool, Pedro Mizutani. Das 23 unidades da companhia, a maior processadora de cana do País, 21 estão localizadas em São Paulo.

Mas há crescente limitação de espaço para a continuidade da expansão no Estado, tanto que o diretor técnico da Unica, Antônio de Pádua Rodrigues, acredita que o crescimento da produção paulista deve se dar, a partir de agora, de forma vertical. Ou seja, não pela construção de mais unidades, mas com adoção de novas tecnologias e aumento da produtividade. É o que busca o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), que investe, com o apoio do setor privado, R$ 50 milhões por ano no desenvolvimento de variedades de cana.

O crescimento vertical deve garantir, diz Pádua, a manutenção de São Paulo como principal produtor do País. Contudo, o Estado deve perder participação no total produzido por causa do crescimento mais acelerado em outras áreas, como Minas.

“São Paulo talvez tenha sido uma primeira fronteira. Agora, é natural que outras áreas e Minas cresçam”, diz o presidente do Grupo São Martinho, Fábio Venturelli. A São Martinho processa 14 milhões de toneladas de cana por ano, em três usinas.

Em abril, a empresa anunciou que vai construir, em parceria com a americana Amyris Biotechnologies, uma fábrica de especialidades químicas produzidas com o xarope de cana. O investimento é de US$ 35 milhões na unidade, que terá capacidade de processamento de 1 milhão de toneladas de cana por safra.

Minas

Nos últimos quatro anos, foram realizados 20 novos projetos no setor sucroalcooleiro em Minas, a maioria no Triângulo Mineiro, Um deles é a Bioenergética Vale do Paracatu (Bevap), que consumirá R$ 655 milhões, no noroeste do Estado, em João Pinheiro.

A Bevap está localizada em um corredor de exportação, a 80 quilômetros de Pirapora (MG), onde passa ferrovia que liga Belo Horizonte ao Porto de Tubarão, em Vitória (ES). “A inauguração será em agosto e devemos moer 2 milhões de toneladas nesta safra. Em 2011, atingiremos a plena capacidade”, afirma o diretor-presidente, Márcio Gotlib.

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