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De olho no exterior, Coimex vai investir em usina de açúcar

A Coimex Trading, com sede em São Paulo, vai adquirir participação em uma usina de açúcar e álcool como estratégia para expandir seus negócios no setor sucroalcooleiro e aumentar sua fatia no mercado internacional. Clayton Hygino de Miranda, presidente da trading, disse ao Valor que o grupo está disposto a fazer um aporte de US$ 50 milhões no novo negócio.

A intenção da trading é comprar a participação em uma usina antes do início da safra 2006/07 de cana, que começa em maio de 2006. “A Coimex entende que precisa se envolver na produção de açúcar e álcool como estratégia para expandir neste setor”, disse.

A trading já está no mercado analisando oportunidades de negócios no setor sucroalcooleiro, mas ainda não negociou a parceria com nenhuma usina efetivamente, segundo Miranda.

Não será a primeira vez que a Coimex atuará na produção de açúcar e álcool. No início da década de 80, o grupo Coimex se desfez de uma destilaria de álcool, que controlava no Estado do Espírito Santo. “Àquela época, a Coimex não tinha uma participação forte neste setor”, lembra Miranda.

Com um faturamento estimado em US$ 880 milhões para este ano (ante US$ 724 milhões em 2004), a empresa é a quarta maior trading exportadora de açúcar do país, com 1,2 milhão de toneladas negociadas em 2004, e a maior em álcool, com 600 milhões de litros embarcados no ano passado. “Queremos manter nossa liderança em álcool”, disse o executivo. No primeiro semestre deste ano, a trading concluiu um investimento de US$ 9 milhões na Jamaica, com a construção de uma usina de desidratação de álcool. A planta, em operação desde maio deste ano, recebe álcool hidratado do Brasil, reindustrializa o produto para exportá-lo aos Estados Unidos.

A capacidade desta planta é de 150 milhões de litros por safra. “Na prática, processará 165 milhões de litros por safra. Estamos embarcando em média de 14,5 milhões de litros por mês para esta planta.”

A trading tem planos para investir na expansão da planta da Jamaica, mas só deverá bater o martelo em setembro de 2007. A espera tem justificativa. “Vamos esperar as definições do acordo CBI (Caribbean Basin Initiative), que termina em setembro de 2007”, disse Miranda. O acordo CBI foi criado na década de 80 pelos EUA e para estimular o desenvolvimento das indústrias caribenhas. Por meio desse acordo, os caribenhos podem exportar, com isenção de impostos, até 7% da demanda interna dos EUA por álcool. “Se esse acordo for renovado, vamos dobrar a capacidade de produção da planta da Jamaica”, afirmou.

Os planos de expansão da Coimex para álcool também incluem parcerias com a Nigéria. Miranda informou que a trading assinou um memorando de intenções com a NNPC (Nigerian National Petroleum Corporation), estatal daquele país, para dar assessoria no programa de mistura de álcool na gasolina. A Petrobras será responsável pela distribuição do produto na Nigéria. Nos primeiros seis meses deste ano, a Nigéria importou 50 milhões de litros de álcool. O país consome 10 bilhões de litros de gasolina por ano e pretende adicionar 10% de álcool ao combustível, o que pode gerar uma demanda por 1 bilhão de litros álcool. “Temos executivos da Coimex na Nigéria estudando o mercado local.”

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