Mercado

De coadjuvante, bioeletricidade virou essencial

Venda de energia é responsável por 10% a 12% do faturamento de uma destilaria

A importância dos co-produtos pode ser dimensionada pelo papel que desempenha hoje a bioletricidade, produzida a partir do bagaço de cana, que era uma matéria-prima mal aproveitada em outros tempos. A própria energia da biomassa estava voltada ao consumo na usina. Não havia preocupação com excedentes. De produto secundário, a bioletricidade está se tornando essencial para os ganhos financeiros nas unidades sucroalcooleiras. “Nenhum projeto é concebido, atualmente, sem a cogeração. A venda de energia é responsável por 10% a 12% do faturamento de uma destilaria”, calcula Ricardo Caiuby de Faria, diretor da Sucral, de Piracicaba, SP.

Impulsionadas pela própria realidade e demanda do mercado que tem melhorado as ofertas para a aquisição de energia, as unidades de açúcar e álcool estão termicamente mais ajustadas – segundo Ricardo de Faria -, além de incorporarem tecnologias de ponta em suas plantas industriais, como turbina de alta eficiência e caldeira de alta pressão. O uso do bagaço provocou mudanças no setor: de coadjuvante, a bioletricidade tornou-se o terceiro principal produto das usinas.

Outras “revoluções” no mix das unidades estão em andamento. “Hidrólise do bagaço, para a produção de etanol, não deverá demorar muito tempo para tornar-se realidade”, observa o diretor da Sucral. Com esse avanço tecnológico, entrará novamente em pauta o aproveitamento de palhas e pontas. “Existe tecnologia para que sejam utilizadas na cogeração. Mas, o preço da energia precisará compensar o custo de transporte para a indústria”, opina.

Existe também um debate técnico sobre essa questão. “Algumas unidades produtoras não querem mexer na palha devido aos benefícios que geram para as lavouras, pois segura a umidade, aumenta a matéria orgânica e diminui o uso de herbicidas. Há quem considera que uma quantidade em torno de 30% a 40% poderia ficar no campo e o restante ser utilizado na indústria”, afirma.

Segundo Ricardo de Faria, o processo de gaseificação do bagaço, que é também pesquisado pelo IPT, possibilitará a produção de álcool, biodiesel, metanol a partir dos chamados gases de sínteses. “Isto será possível com o reoordenamento molecular desses gases por meio de um catalisador”, explica. De acordo com ele, o equipamento já existe, faltando a finalização do processo de produção dos gases de síntese.

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