Conferência: biocombustíveis em pauta na Suécia

Biocombustíveis e outras formas de energia renovável têm cada vez mais ocupado espaços importantes em debates internacionais sobre sustentabilidade, e tendo o Brasil como um dos protagonistas. Outras nações também se destacam no cenário, como a Suécia, pioneira no uso de etanol como combustível na Europa. Atentas à demanda, importantes figuras do cenário energético dos dois países se reúnem no mês que vem na Academia Real de Ciências da Engenharia da Suécia (IVA), em Estocolmo, para a conferência O Brasil e o futuro – Energia renovável – Biocombustíveis. A iniciativa do encontro é do Jornal do Brasil, em conjunto com a Casa Brasil e a Câmara de Comércio Sueco-Brasileira (SwedCham).

– A Suécia é o principal consumidor do álcool brasileiro (responde por 80% do volume exportado para o continente europeu), e também é chamada de país da sustentabilidade, cuja consciência de preservação ambiental já faz parte da! s preocupações da população desde os anos 70, época em que sediou a primeira Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – destaca Marcos Troyjo, diretor do Conselho Editorial do Jornal do Brasil.

O primeiro painel da conferência, New energy, sustainability and industry, tem como principal palestrante o presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, que falará sobre perspectivas do setor no futuro da matriz energética no Brasil e no mundo. Em relação ao etanol, a Petrobras tem a experiência adquirida em mais de 30 anos em armazenamento, transporte, adição à gasolina e comercialização. Rossetto, que foi ministro do Desenvolvimento Agrário no primeiro mandato do presidente Lula, vê o Brasil numa posição de vanguarda na produção de energia a partir de recursos renováveis. Para ele, a decisão do governo de investir no setor foi estratégica.

– O século 21 será de transição energética planetária, já que o século seguinte não será do petróleo e do! gás. Vamos liderar essa transição, e 70% do nosso crescimento energético têm como base as energias renováveis.

Também participará da conferência o diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Alan Kardec Duailibe Barros Filho, com a palestra Desenvolvimento e sustentabilidade – O desafio dos biocombustíveis. Além de regular o mercado de petróleo, gás natural e biocombustíveis, a ANP promove os combustíveis brasileiros no mundo. É de iniciativa da agência, em conjunto com entidades como a Única e a Ubrabio, o reforço do nome “etanol”, para torná-lo commodity no mercado de combustíveis.

Indústria automotiva

O painel terá também representantes das indústrias automotivas sueca e brasileira, como o vice-presidente mundial da Scania, Martin Lundstedt, e o presidente da Volkswagen Ônibus e Caminhões do Brasil, e da MAN Latin America, Antonio Roberto Cortes, que apresentarão planos em desenvolvimento para substituição gradual da frota de veículos movidos por combus! tíveis fósseis. Nesta área, o Brasil apresenta equilíbrio entre combustíveis fósseis (54,1%) e renováveis (45,9%), com ênfase na cana-de-açúcar.

A indústria brasileira de carros de passeio já produz 93% de veículos flex novos, com 30% dos automóveis em circulação possuindo esta característica. Nos países desenvolvidos, o índice de uso de matrizes renováveis é de 6%.

A mesa de Estocolmo terá também a apresentação de uma representante da Academia Real de Ciências da Suécia (IVA), entidade que confere o Prêmio Nobel. Sven Kullander, presidente do Comitê de Energia, falará da escassez de alimentos e do eventual impacto da produção de biocombustíveis em larga escala.

A conferência terá um painel sobre ciência e cultura, com a participação de brasileiros como o cirurgião-plástico Ivo Pitanguy, o escritor e professor Arnaldo Niskier, o curador da Fliporto Antônio Campos e Gilberto Freyre Neto, presidente da Fundação Gilberto Freyre. Entre os suecos, o pesquisador Carl! Johan Sundberg, chefe da divisão de Bioempreendedorismo do Instituto Karolinska, entidade que confere o Nobel de Medicina; e Thomas Arctaedius, diretor executivo da Stockholms University Holding.

A conferência dará seguimento a uma série de debates que o JB coordena junto a centros internacionais de pensamento, como o realizado no Instituto de Empresa da Espanha, em Madri, em novembro de 2008; e na Columbia University, em Nova York, um ano depois.