Mercado

Comprador externo ainda é a defesa dos fornecedores

Eles esperam que as encomendas internas só apareçam em 2005. O s fornecedores de equipamentos para geração de energia ainda deverão esperar o próximo ano para começar a receber pedidos de novas encomendas. Duramente afetados pela crise do setor elétrico brasileiro desde 2001, empresas como Alstom, ABB e Siemens buscaram nas exportações e no setor de transmissão de energia a compensação para driblar a falta de pedidos internos nos últimos anos .

O faturamento da Alstom, por exemplo, deve ficar neste ano 40% abaixo do registrado em 2003, que já foi um período fraco para comparação no setor. No segmento de pequenas centrais hidrelétricas (PCH), a empresa prevê uma retomada já neste semestre em razão dos pedidos originados pelo Programa de Incentivo às Fontes de Energia Alternativa (Proinfa). Mas as encomendas de equipamentos para grandes projetos de geração só devem começar a aparecer depois da realização do primeiro leilão de energia nova, previsto para o próximo ano e vai depender do sucesso da licitação.

Para o diretor da empresa, José Luís Alqueres, uma retomada de pedidos de equipamentos para grandes obras só deve ocorrer no segundo semestre de 2005. Tal previsão significa que ficará retardada até o primeiro semestre de 2006 a consolidação de encomendas na linha de produção dos fornecedores. Nos últimos dois anos, segundo Alqueres, os fornecimentos da empresa ficaram restritos a três destinos: obras de hidrelétricas em países como Venezuela e Bolívia, contratos para ampliação das usinas de Tucuruí e Itaipu e pedidos feitos para unidades da Alstom em outros países, principalmente da Europa, que foram transferidos para fábricas da empresa no Brasil.

Segundo Alqueres, os pedidos de equipamentos de geração para os 1,1 mil MW do Proinfa no segmento de PCHs e a solicitação de caldeiras para os projetos de biomassa devem melhorar os negócios da empresa já no início de 2005.

A expectativa do mercado é que o fornecimento de equipamentos para PCH no Proinfa demandará investimentos entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões durante os dois anos previstos para a conclusão dos empreendimentos.

No mercado da Alstom, por exemplo, a previsão é que os negócios gerados com os pedidos do Proinfa representarão algo entre 20% e 30%. No caso da ABB, o atendimento do mercado externo a partir do Brasil passou a ser a principal estratégia no segmento de transformadores de energia para escapar da calmaria. Em 1999, a produção de transformadores da ABB na fábrica de Guarulhos para atender o mercado externo era de 5% e saltou para 40%. Tal crescimento fez a empresa decidir investir R$ 19 milhões na planta de Blumenau para ampliá-la e adaptá-la para exportação de transformadores de baixa tensão para os Estados Unidos. A estimativa da empresa é de faturar R$ 200 milhões por ano a partir de 2006 com as exportações, o que aumentará em 222% os R$ 90 milhões de faturamento atual com os transformadores fornecidos ao mercado externo a partir das unidades brasileiras.

A Voith Siemens prevê um crescimento de 12% no mercado de geradores para o próximo ano graças ao leilão de energia nova. A expectativa da empresa é que os pedidos passem dos atuais US$ 133,5 milhões para US$ 150 milhões. A retomada dos pedidos de geradores para a unidade brasileira da Voith reverterá a situação da empresa nos últimos dois anos, durante os quais ficou praticamente sem pedidos, penalizada pela crise no setor de geração de energia elétrica.

Segundo o presidente da empresa, Júlio Fenner, nos últimos dois anos o único grande contrato fechado pela empresa foi com Furnas no valor de US$ 40 milhões. Fenner afirma que as novas regras do setor de energia e a retomada econômica verificada desde o final do ano passado – que se refletem no consumo de energia -, devem estimular os investimentos em geração. Segundo ele, as vendas externas da empresa no Brasil representam 26% do faturamento anual.

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