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Companhias negociam unificação de trecho

A Uniduto, a CentroSul e a PMCC estão em negociação para aproveitar sinergias existentes nos projetos de alcoolduto que estão desenvolvendo na Região Centro-Sul. Se adotadas, estas sinergias podem gerar economia de cerca de R$ 1 bilhão no custo total dos três empreendimentos, avaliados hoje em torno de R$ 11 bilhões. As três empresas possuem projetos de construção de alcooldutos em diferentes estágios de realização, e análises estão sendo feitas para buscar sinergias em trechos onde o trajeto dos dutos é semelhante. “Estamos analisando um alinhamento porque eles apresentam complementaridades em muitos trechos que podem ser aproveitadas”, disse Marcelo Mancini, diretor executivo da ETH, controladora da CentroSul.

Segundo ele, o uso destas complementaridades irá dar mais competitividade aos projetos ao reduzir custos. A CentroSul foi criada para construir um duto para transporte de etanol dos estados do Centro-Oeste até o litoral brasileiro, passando pelos grandes centros consumidores do Estado de São Paulo. O projeto original era da Brenco, que foi incorporada pela ETH, o braço sucroenergético do Grupo Odebrecht.

A Uniduto é formada por um consórcio de 90 usinas produtoras de etanol de 12 grandes grupos do setor sucroalcooleiro também com o intuito de construir um alcoolduto, saindo de Serrana, próximo a Ribeirão Preto, no interior paulista, até o porto de Santos. Com o mesmo objetivo, uma parceria entre a Petrobrás, Mitsui e a Camargo Corrêa criou a PMCC Projetos de Transporte de Álcool.

O presidente da Uniduto, Sérgio Van Klaveren, confirma as negociações.

“É consenso que existem redundâncias nos três projetos que podem ser cortadas através de um duto único, por exemplo”, explica o executivo.

Segundo ele, entre Ribeirão Preto até Paulínia, o traçado dos três dutos coincidem.

Além disso, também existe duplicidade de dutos entre as cidades de Anhembi e Paulínia entre os dutos da Uniduto e PMCC. “Encontrar uma forma de realizar esta sinergia traria corte de custos consideráveis, o que seria visto de forma positiva por agentes financeiros envolvidos e também pelo mercado”, afirma.

As conversas entre as três empresas não são recentes mas nas últimas semanas houve troca de informações mais consistentes e a possibilidade de uma sinergia tornouse mais concreta. “Tecnicamente, já está provado que é um absurdo a construção de dutos paralelos para a mesma finalidade”, disse Van Klaveren.

Porém, a discussão agora é de como será feita esta sinergia. “Tudo tem que ser aprovado pelos acionistas”, explica Mancini, da ETH.

CRONOGRAMA

Van Klaveren, da Uniduto, acredita que a discussão desta possível unificação não atrasará os cronogramas dos empreendimentos.

“Estamos em diferentes estágios dos projetos mas ainda no início da construção. A PMCC já possui licença prévia e a Uniduto já apresentou o pedido da licença. A CentroSul ainda está começando todo o processo. É possível uma correção de rota neste momento”, explica.

Nesta semana, a Uniduto apresentou o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do projeto do alcoolduto na Secretaria de Meio Ambiente, ao mesmo tempo que assinou um protocolo de intenções com o governo do Estado de São Paulo para troca de informações.

Segundo Van Klaveren, atualmente o duto da Uniduto está orçado em R$ 2,9 bilhões. O projeto da PMCC está orçado em cerca de R$ 6 bilhões.

O alcoolduto original da Centro Sul previa investimentos de R$ 2 bilhões. Porém, segundo Mancini, com a ETH assumindo o projeto da Brenco, pequenas alterações de traçado estão sendo feitas para maximizar a aproximação do duto das usinas da ETH que estão na região.

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