Gestão Administrativa

Como otimizar o potencial de cada funcionário ao cargo (Parte II)

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Você já viu um esqueleto? Por certo que sim. Ele é constituído de cabeça, tronco e membros, e está disposto exatamente para a necessidade do organismo que irá utilizá-lo, ou seja: Homem, Onça, Beija Flor, e assim por diante, e como a mãe natureza é sábia, através dos tempos vai adaptando-os às evoluções. Desta maneira, o homem deixou de ter aqueles braços compridos, pois não mais necessita subir em árvores; o avestruz se adaptou ao solo, perdeu a leveza de estrutura, e adquiriu outra estrutura mais condizente, para suportar fortes coxas e um tronco robusto.

Bem, o que tem a ver os esqueletos com o nosso tema?

É simples, o esqueleto está para os organismos vivos, assim como o organograma está para a organização das empresas.

Como assim?

Veja, a organização que tem o mesmo prefixo de organismo, e que não é por acaso (sobre isto já comentamos em outra “Dica”), também tem obrigatoriamente, formal ou informalmente, um organograma, o qual é o “esqueleto da empresa”, e é exatamente esse esqueleto que determinará a respectiva estrutura da mesma e, consequentemente, dependendo dessa estrutura, é que a empresa será eficiente ou ineficiente.

Deu para perceber a importância de um organograma? A título de elucidação, ressalvamos que existe uma variedade muito grande de composições de organogramas.

Vamos a alguns rápidos comparativos: Em uma empresa pequena, onde o dono pode comandar todas as ações, talvez um organograma tipo “beija flor”, estrutura leve e centralizada, seja o suficiente, pois é necessária muita agilidade nas ações. Uma empresa de porte grande já carece de departamentos especializados, a estrutura deve ser mais complexa. Uma empresa que está crescendo necessita um meio termo, algumas áreas mais especializadas e as demais mais centralizadas no dono do negócio. Aqui já vamos percebendo a adaptação do organograma à evolução organizacional, assim como o exemplo do homem e do avestruz.

É altamente relevante que cada empresa monte uma estrutura própria, respeitando suas necessidades e condições, com cabeça, tronco e membros ajustados; qualquer desequilíbrio nessa harmonia, fatalmente acarretará deficiências nos resultados.

Vamos adiante, para que se possa entender o que isto tem a ver com a otimização do potencial de cada funcionário ao cargo.

Durante quase toda a minha vida profissional, e principalmente quando realizei consultorias nas usinas, onde via de regra ia desde o diagnóstico até a estruturação das mesmas, um fator comum que havia em praticamente todas, era a incoerência dos organogramas em relação às necessidades funcionais. Como nosso espaço é limitado, segue um exemplo prático (particularmente, acredito mais no real do que no teórico; em minhas ponderações, procuro sempre alicerçá-las em situações vivenciadas).

Em certa Usina, encontrei um organograma do Departamento Industrial da seguinte maneira:

SUP. ARMAZÉM / SUP. CALDERARIA / SUP. COGERAÇÃO / SUP. DESTILARIA / SUP. FÁBRICA / SUP. LABORATÓRIO / SUP. MANUT. CIVIL / SUP. MANUT. ELÉTRICA / GERENTE INDUSTRIAL / LEVEDURA / LABORAT. SACAROSE / SUP. MANUT. MECÂNICA / SUP. MOENDA / SUP. PÁTIO / SUP. UTILIDADES

Dentro desta estrutura apresentada, você não acha que ao invés de ter um título de Gerente, seria mais adequado ter o título de Bombeiro? Pois o coitado do indivíduo que ocupava essa posição somente apagava fogo o tempo todo.

Você que conhece uma indústria de usina sabe que é só “pepino” o dia inteiro. Aí eu pergunto: o que é que se espera da função de um Gerente Industrial? Se a resposta é que saiba identificar as necessidades, que adote estratégias inteligentes, faça planejamentos, pesquise novas alternativas para otimizar os resultados, que seja gestor, administre por mecanismos de controles, etc., etc., e que atue mais com a inteligência e menos no operacional, então estamos de comum acordo.

Aí volto a perguntar, como ele vai poder exercer com eficiência essa função com a estrutura existente? Com certeza vai faltar tempo e vai sobrar cansaço.

Dessa forma, após tomar os devidos cuidados e de maneira gradativa, implantamos o seguinte organograma:

SUP. FÁB. ÁLCOOL / CHEFE DE PRODUÇÃO / SUP. FÁB. AÇÚCAR / SUP. REFINARIA / SUP. MANUT. CIVIL / SUP. MANUT. ELÉTRICA / SUP. MANUT. MECÂNICA / SUP. MOENDA / SUP. CALDERARIA / GERENTE INDUSTRIAL / SUP. UTILIDADES / CHEFE DE MANUTENÇÃO / CHEFE DE CONTROLE DE QUALIDADE / SUP. LABORATÓRIO

Com essa medida, de uma simples adequação do organograma, pois não houve nenhuma demissão ou contratação de novos funcionários, obteve-se significativos aumentos nos índices de eficiências como nunca houve antes, consequentemente otimizou-se consideravelmente a relação custo x benefício da indústria. E isso se deveu à adequação dos perfis dos cargos, pois não foi somente a do Gerente que mudou, as mudanças se deram em escala, Gerente, Chefias, Supervisores, e inclusive nos cargos operacionais.

Agora fica mais claro para se entender a importância e correlação de acertar primeiro o organograma para otimizar o potencial de cada funcionário ao cargo.

Saber o que se espera de cada cargo, e criar a estrutura e condições condizentes, é a segunda providência para otimizar o potencial de cada funcionário ao cargo.

Continua na próxima “Receitas em Conta Gotas”… Parte III

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