Mercado

Commodities mantêm o pique

Tudo parece indicar que as commodities agrícolas poderão puxar novamente neste ano as exportações brasileiras. Uma das indicações mais expressivas dessa continuidade é a retomada firme das vendas externas de algodão. Como se recorda, a fibra, depois de um passado glorioso, quando o Brasil disputava o mercado internacional com fortes concorrentes, passou a ser um ônus para a balança comercial a partir do fim da década de 80 a meados dos anos 90.

Em 1996, por exemplo, as importações brasileiras de algodão somaram nada menos do que US$ 859,70 milhões. As exportações do produto naquele ano foram de US$ 2,42 milhões, deixando saldo negativo de US$ 857,28 milhões. O Brasil figurou então como o maior importador mundial da fibra.

A volta por cima começou timidamente no ano 2000, com a abertura de novas regiões produtoras, plantações em mais larga escala, juntamente com os esforços para melhoria da qualidade. Em 2004 e, especialmente, no ano passado, os resultados dessa virada surgiram com força. Em 2005, as exportações nacionais de algodão alcançaram US$ 449,73 milhões e as importações não passaram de US$ 41,16 milhões, o que significa um superávit de US$ 408,57 milhões. Destacam-se como produtores os estados de Mato Grosso e Goiás, bem como áreas do cerrado baiano, onde se planta algodão irrigado. Para ganhar mercado internacional, também foi muito valioso um trabalho de marketing.

Tais números afirmam a volta do Brasil como “player” no mercado mundial de algodão, com uma média anual, que tem sido de 400 mil toneladas. Com a crescente demanda, estima-se, como noticiou este jornal, que 300 mil toneladas da safra de 2007 já tenham sido antecipadamente vendidas.

O preço médio para a safra que ainda não começou a ser plantada está em US$ 19,20 a arroba, calculando-se o custo de produção em US$ 17. As previsões são de que os preços continuem em elevação, sinalizando os mercados que a cotação pode subir 9% por volta de julho deste ano.

Outro produto que merece menção especial é o açúcar, cujos preços no mercado internacional tiveram um acréscimo de 70% nos últimos 12 meses. A alta do açúcar, como se sabe, afetou a produção de álcool – que também já se transformou em uma commodity internacional – , mas a expectativa é de que grandes safras de cana, de agora em diante, sejam capazes de satisfazer tanto a demanda de açúcar como a de álcool.

Os furacões que devastaram as plantações da Flórida deram impulso à cotação do suco de laranja brasileiro, que teve uma alta de 45% em 12 meses. Apesar de medidas protecionistas, as exportações do produto também tendem a ser recordes.

O café deixou de ser o carro-chefe das exportações agrícolas brasileiras e a safra 2005/2006 não foi das melhores. Mas, para compensar, os preços estão em crescimento, tendo a Bolsa de Nova York registrado um aumento de 3,1% na libra-peso nesta semana.

Resta falar da soja, cujos preços por saca também se elevaram bastante (12,5% em um período anual), queixando-se os produtores, com razão, de que essa alta foi praticamente anulada pela valorização do real no período. De qualquer forma, os produtores vão procurar ganhar em volume o que perderam em preço.

Mercados é que não faltam. Fala-se muito do ímpeto que tem tido as exportações chinesas. Mas é preciso lembrar que a China, cuja economia cresceu 9,8% no ano passado, adquiriu também um enorme poder de compra, com impacto sobre o mercado de commodities.

Quanto ao algodão, por exemplo, a China é o maior consumidor mundial e aumentou suas compras do produto em 35% no ano passado. Neste ano, as compras de algodão daquele país tendem a ser ainda maiores, dadas as frustrações de sua colheita. A demanda da China de soja também é muito forte: segundo o governo de Pequim, as suas importações do grão foram de 26,6 milhões de toneladas em 2005.

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kicker: O Brasil retoma a posição de forte exportador mundial de algodão depois de anos de decadência da cultura da fibra

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