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Com tendência de alta, etanol deverá perder mais mercado para a gasolina

Com tendência de alta, etanol deverá perder mais mercado para a gasolina

Os consumidores que abastecem com etanol por razões econômicas e ainda resistem a migrar para a gasolina, podem, em breve, mudar de ideia. Há alguns meses menos competitivo que a gasolina em São Paulo, maior centro consumidor de combustíveis do país, o etanol hidratado, que é usado diretamente no tanque dos veículos, deve ficar ainda mais caro nas próximas semanas.

As cotações na indústria ainda não foram, em sua totalidade, repassadas ao consumidor final, explica o diretor da trading Bioagência, Tarcilo Rodrigues. Historicamente, diz ele, a margem entre o preço de venda da usina e o de venda ao consumidor é de 31%. Mas, atualmente, esse percentual está na casa dos 25%.

Em números absolutos, significa que o preço médio de venda do etanol hidratado nos postos de São Paulo já deveriam estar, considerando essa margem de 31%, em R$ 2,75 por litro, uma vez que o preço na usina está R$ 2,10. Mas na semana entre 17 e 23 de janeiro, o preço médio no Estado foi de R$ 2,62 por litro nos postos, conforme a Agência Nacional de Petróleo (ANP). “O que pode estar acontecendo é que os postos de combustíveis de São Paulo estão evitando repassar o aumento do etanol em sua totalidade para não perderem mercado”, avalia Rodrigues.

Os atuais preços médios do hidratado (R$ 2,62/litro) ao consumidor paulista equivalem a 74% do preço da gasolina, segundo dados da ANP. Conforme parâmetro mais aceito pelo mercado, o etanol perde competitividade para o concorrente fóssil quando essa relação supera 70%. Se toda a alta na usina chegar ao consumidor final, o preço médio vai a R$ 2,75 por litro, levando essa paridade a 78%.

Com isso, ainda em patamar elevado frente à oferta disponível, a demanda por hidratado deve cair em fevereiro para níveis de 1 bilhão de litros, frente aos 1,2 bilhão ainda esperados para janeiro, segundo a Bioagência. Essa redução já vem ocorrendo. Isso porque, desde setembro até a semana passada, os preços do biocombustível subiram muito – na usina se valorizou 55% e nos postos, 37%. Nesse mesmo intervalo, o preço médio da gasolina C ao consumidor paulista subiu 15%.

Dessa forma, depois do recorde mensal de consumo de hidratado de 1,7 bilhão de litros, atingido em outubro, as vendas começaram a recuar em novembro, indo a 1,4 bilhão de litros, conforme a ANP.

Nesta semana, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar divulgou dados acumulados da safra 2015/16 até a 1ª quinzena de janeiro. A produção de etanol total se manteve 5% mais alta que a de 2014/15.

fonte: (Valor)

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