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Com queima da cana proibida, produtores antecipam corte

Com queima da cana proibida, produtores antecipam corte

Os pequenos produtores de cana das regiões de Ourinhos e Jaú (SP) foram pegos de surpresa com a decisão da Justiça Federal de que a Cetesb não poderá mais emitir autorizações para a queima da palha da cana-de-açúcar. Segundo a nova medida, as novas licenças só poderão ser dadas pelo Ibama, após a apresentação de um estudo ambiental.

Com a decisão, os pequenos produtores tiveram que antecipar o corte mecanizado, previsto só para 2017, o que significa recorrer a financiamentos para comprar máquinas. A mudança também tirou o emprego de vários cortadores e reduziu os ganhos de quem permanece nos canaviais.

Atualmente, 30% da cana plantada no estado pertencem a pequenos produtores. Com base em um acordo feito com o governo paulista, em canaviais com até 150 hectares onde as máquinas não entram, a queima da palha terá de ser eliminada até 2017. Já em áreas maiores, a queima terá que acabar este ano e a colheita vem sendo feita com tratores rurais.

Revisão de orçamento
O fim da queima da palha levou o agricultor Gilson e o irmão Nilson Pires a reverem o orçamento. Eles deixaram de contratar mais de 80 cortadores de cana e a família teve que recorrer a um financiamento para comprar uma colhedora de cana que custa R$ 800 mil reais. “Minha alternativa é correr atrás da mecanização, sendo que a gente esperava isso até 2017. Todos os produtores estão conscientes com a questão do meio ambiente. A única coisa que pesava era uma questão financeira e de se adequar dentro dos parâmetros que há necessidade para poder cortar cana. E a remuneração da cana não está sendo suficiente para cobrir todos os custos”, diz Gilson.

Essa mudança no campo surgiu de decisões da Justiça Federal, que suspendeu as licenças e autorizações dadas pela Cetesb em várias regiões do estado e passou a exigir dos agricultores o estudo de impacto ambiental para a concessão de novas autorizações de queima. Na região de Ourinhos, as queimadas estão proibidas em 21 municípios.

As usinas estão colhendo a cana dos fornecedores, mas o custo aumenta. No sistema mecanizado a tonelada colhida e carregada sai por R$ 18,90. No corte manual, passa para R$ 27, 59.

A associação que representa os pequenos produtores de cana da região de Ourinhos recorreu da decisão, mas enquanto não houver uma nova manifestação da Justiça, quem queimar a palha poderá pagar multa de até R$ 5 mil por hectare. Na região de Jaú, em doze municípios a queima também está suspensa.

(Fonte: G1)

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