Mercado

Cogeração no MS depende de linhas de transmissão

Enquanto o Mato Grosso do Sul gasta milhares de dólares comprando gás natural da Bolívia, transformado em energia elétrica pela térmica de Campo Grande, os canaviais reservam uma grande capacidade de produção de energia. Durante os oito meses da safra, abril a novembro, seria possível produzir 108,5 megawatts excedentes com o bagaço da cana, avaliados em mais de R$ 55 milhões e o suficiente para abastecer 465 mil pessoas, ou 70% da população da Capital.

Segundo o diretor do Sindalcool/MS (Sindicato da Indústria da Fabricação do Açúcar e do Álcool do Estado do Mato Grosso do Sul), Isaias Bernardini, linhas de transmissão representam o principal obstáculo para que o setor, que “atualmente está apenas negociando contratos de venda do excedente, já que ninguém consegue vender o excedente para cogeração”.

O setor no Mato Grosso do Sul reclama ainda a falta de garantias para investimentos na cogeração. Mesmo com a retomada dos investimentos no setor, com a implantação do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), que objetiva estimular a cogeração de energia alternativa, o diretor do Sindalcool/MS alega que a incerteza de mercado se deve à oscilação de demanda, o que pode acarretar excesso de oferta, reduzindo o preço do megawatt/hora.

O Sindalcool/MS aponta outro problema para o desenvolvimento da co-geração de biomassa, que é o preço do megawatt/hora, que compensaria em relação ao investimento. Pelo Proinfa, o MW/h custaria R$ 89,00. O setor estima um valor mínimo ideal de R$ 150,00. Em algumas usinas, a energia produzida a partir da cana-de-açúcar é suficiente para atender a indústria durante a safra, de abril até novembro. Com isso, as usinas do Mato Grosso do Sul usam uma pequena parte do excedente de 90 MW/h para irrigação da plantação ou como reserva no caso de oscilação de energia. O restante praticamente se perde.

Veja matéria especial sobre o setor no Mato Grosso do Sul na edição de agosto do JornalCana.

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