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CNBB afirma haver enorme insensibilidade

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) criticou ontem o reajuste de 26,49% aprovado pela Câmara. Mesmo reconhecendo que o aumento é menor que a tentativa feita no fim do ano passado, de dobrar os salários no Congresso, o presidente da CNBB, d. Geraldo Majella, disse ser preciso sempre comparar com o salário mínimo. “Heróis são os que sobrevivem com o salário mínimo”, afirmou, lembrando a declaração do presidente Lula de que seus ministros são heróis por sobreviverem com salário de R$ 8 mil.

Para d. Antônio de Queirós, vice-presidente da CNBB, é uma “enorme insensibilidade” o aumento e “não há ética nenhuma” em reajustar os próprios salários.

Os bispos concederam ontem entrevista ao final da 26ª reunião do Conselho Episcopal Pastoral, onde foi analisada a conjuntura brasileira e foram reveladas duas preocupações: o aumento da corrupção e o risco trazido pela intenção de aumentar a produção de etanol. “Nossa preocupação é que se transforme o Brasil em um imenso canavial. Não há país que tenha concentrado na cana-de-açúcar sua fonte de riqueza e tenha prosperado. Não é o etanol que vai salvar o mundo”, alertou d. Geraldo, citando o Caribe.

D. Odilo Scherer, o novo arcebispo paulista, disse que a produção de álcool traz impactos ambientais e sociais. Ele teme o aumento de latifúndios e do êxodo rural.

USINEIROS

Os bispos comentaram declaração de Lula chamando usineiros de heróis. “As pessoas quando se entusiasmam dizem coisas como essa. Acredito que tenha apenas dito que é uma fonte de renda”, declarou d. Geraldo.

Outra preocupação é com relação às obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “A gente não duvida das boas intenções, mas temos que ver até que ponto serão executados esses planos”, disse d. Antônio.

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