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Brasil tenta resgatar promoção do etanol em Marrakesh

Foto: Alessandro Reis/JornalCana
Foto: Alessandro Reis/JornalCana

A diplomacia do etanol dá sinais de retorno na Conferência do Clima de Marrakesh (COP 22). De acordo com informações do Observatório do Clima (OC), representantes do setor lançaram uma coalização com 19 países para promover o biocombustível, especialmente o de segunda geração, produzido a partir da celulose. E com outro nome: diplomacia da bioenergia.

“A tecnologia de usar material celulósico já saiu do laboratório e chegou à indústria, mas ainda tem alguns problemas de escala. Queremos chamar a atenção do mundo para essas coisas”, disse a jornalistas Renato Godinho, chefe da Divisão de Recursos Energéticos do Itamaraty, segundo o OC.

O Observatório do Clima lembra que ma iniciativa anterior da parte do Brasil para promover o etanol havia sido realizada em 2006, ainda no governo Lula. No entanto, o combustível de cana acabou ficando um pouco em “segundo plano” a partir da descoberta das grandes reservas de petróleo da cama pré-sal, que acabou por concentrar as discussões sobre a matris brasileira.

A descoberta do etanol celulósico é considerada um novo alento para a produção nacional do combustível e sua promoção como alternativa de energia limpa. No entanto, de acordo com o Observatório, o Brasil “perdeu a corrida tecnológica inicial do desenvolvimento de rotas enzimáticas para a quebra da celulose, e hoje precisa comprar enzimas da Novozymes, uma empresa dinamarquesa”.

De acordo com um representante do BNDES citado pelo OC, com o etanol de segunda geração (2G), o potencial de produção do Brasil salta dos atuais 29 bilhões para alto em torno de 45 bilhões de litros. A meta de ampliação do uso de biocombustíveis acordada pelo Brasil é chegar a 50 bilhões até 2030.

No entanto, ainda há limitações e desafios a serem superados para ampliar a oferta de etanol e consolidar o 2G, reconhece a própria organização. Uma delas é crise o setor de açúcar e etanol, que afetou a situação financeira e a capacidade de investimentos da indústria.

“Outra questão é o tamanho do mercado potencial externo. O Brasil hoje é o segundo maior produtor de etanol, mas exporta apenas 10% de sua produção. Diversos potenciais consumidores, como a Alemanha, têm adotado restrições à entrada de biocombustíveis na matriz de transporte”, diz o OC.

O Observatório do Clima menciona ainda um eventual risco de mercado futuro, associada a mudanças tecnológicas do setor energético. De acordo com a publicação, divulgada no site da instituição, deve-se considerar a possibilidade do motor a explosão dar lugar a outras opções, como o elétrico.

Fonte: (Revista Globo Rural)

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