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Brasil Ecodiesel confirma a usina em Rosário do Sul

A Brasil Ecodiesel, uma das maiores produtoras de biodiesel no País, confirmou ontem a instalação de uma unidade em Rosário do Sul. A confirmação do investimento de R$ 20 milhões foi feita ontem pelo diretor-presidente da empresa, Nelson Silveira, na Assembléia Legislativa. A iniciativa vai beneficiar entre 30 mil e 40 mil famílias de agricultores do Estado.

A unidade deverá produzir 100 milhões de litros/ano de óleo combustível com ênfase para a mamona e o girassol. Para atender a esta capacidade produtiva, a companhia teria que contar com cerca de cem mil hectares cultivados com oleaginosas. De acordo com Silveira, a expectativa é de que a nova planta comece a operar em dezembro. A intenção da Brasil Biodiesel é ofertar este combustível no próximo leilão de biodiesel, marcado para o dia 26 de abril, quando devem ser negociados cerca de 500 milhões de litros pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis (ANP). A entrega do produto negociado no leilão deve ocorrer entre janeiro e dezembro de 2007.

“Estamos aguardando a liberação de licenças ambientais”, explica. Segundo ele, não está descartada a hipótese de a empresa utilizar outras oleaginosas na produção do combustível. “A produção no Rio Grande do Sul terá como destino o abastecimento de todo o País”, afirma Silveira.

A Brasil Ecodiesel pretende iniciar imediatamente o treinamento e a assistência aos produtores gaúchos que vão plantar a matéria-prima da fábrica – que terá como foco principal a mamona. “Vamos começar a estruturar a cadeia técnica”. Nos locais onde atua, a companhia desenvolve dois projetos de parceria com os agricultores: Núcleos de Produção Comunitária e Rede de Agricultura Familiar. No primeiro caso, a oleaginosa é produzida em sistema de parceria rural, com contratos individuais de dez anos de duração. Cada parceiro fica responsável por um lote de 7,5 hectares, plantados com mamona e feijão consorciados e uma casa com energia elétrica gratuita e saneamento básico. Em troca, o produtor compromete-se a vender parte da produção à Brasil Ecodiesel com preços de mercado. “Ele foge da lógica da commodity internacional”, argumentou, numa referência aos grãos que têm suas cotações ditadas pelo mercado externo. No entanto, o teto de preços para a produção destinada ao biodiesel deve ser o da soja.

No segundo projeto a Brasil Ecodiesel atua em parceria com assentamentos já estabelecidos pelo governo, aproveitando a infra-estrutura instalada, fornecendo apenas as sementes, os insumos e o apoio técnico para o plantio. Neste caso, a empresa garante 10% da compra da produção. Em função da iniciativa, o governo Federal concede à companhia o selo combustível social. “Isso chama-se verticalização da produção, trata-se de um novo paradigma”, afirma Silveira.

O modelo integrado de produção foi criticado, por meio de nota, pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). “A Brasil Ecodiesel propõe aos pequenos agricultores um sistema de integração semelhante ao do fumo”, afirmou o MPA, argumentando que esta organização os tornaria “dependentes da indústria”. Silveira disse que a companhia conta com 35 mil famílias integradas à produção de oleaginosas no Nordeste. Para Silveira, o modelo é “completamente diferente do fumo”, porque estimula a auto-organização dos agricultores. “Nosso trabalho é de criar independência das pessoas da empresa”, respondeu, sobre a crítica. Até o final do ano a empresa pretende inaugurar outras unidades fabris no Ceará, Bahia e Tocantins.

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