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Brasil deverá destinar 55% da safra de cana à produção de açúcar

As usinas brasileiras de açúcar e etanol deverão canalizar até 55% de suas safras para a produção do açúcar, num momento em que a desvalorização do real estimula as exportações e em que os preços do álcool combustível estão em queda, disse o produtor Maurílio Biagi Filho. O setor processador de cana-de-açúcar brasileiro, o maior do mundo, aumentará a parcela da safra empregada na produção de açúcar este ano em relação aos 40% de 2008, disse Biagi. Embora algumas usinas possam utilizar até 60% da cana para a fabricação de açúcar, novas usinas projetadas exclusivamente para a produção do etanol vão limitar a capacidade do setor, como um todo, de produzir açúcar, disse ele. “Todo mundo vai produzir o máximo de açúcar possível”, disse Biagi, o segundo maior produtor mundial de cana-de-açúcar. “Se pudessem usar toda a cana na produção de açúcar, usariam”.

O real perdeu 27% de seu ! valor nos últimos sete meses, devido à crise mundial de crédito, o que elevou o valor em moeda local do açúcar exportado. A escassez de crédito também fez com que os usineiros acelerassem a venda de etanol, para obterem recursos, o que empurrou os preços para baixo, disse Biagi. “As usinas que não produzem açúcar, apenas etanol, estão em situação complicada”, disse Biagi, cuja família produz cerca de 10% da safra brasileira de cana-de-açúcar. Os contratos futuros de açúcar, que caíram 8% em Nova York nos últimos sete meses, ante um salto de 26% em reais.

Os preços do etanol despencaram 16% no Brasil durante o mesmo período, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a divisão de pesquisa de commodities agrícolas da Universidade de São Paulo. Cerca de 90% dos carros novos comercializados no Brasil em 2008 podem ser movidos a etanol, gasolina ou qualquer mistura entre os dois combustíveis.

Entretanto, também segundo o Cepea, o movimento ! de alta dos preços internos do açúcar cristal foi interrompido nos últimos dias. Apesar de a oferta do produto continuar baixa, a retração de compradores, que aguardam preços menores com a entrada da safra 2009/10, somada à necessidade de caixa de algumas usinas, pressionaram as cotações. O indicador Cepea/Esalq (Estado de São Paulo) fechou em R$ 48,84/saca de 50 quilos na última quarta-feira, recuo de 1,55% sobre a quarta anterior. No mês, contudo, o indicador acumula alta de 4,09%. Desde o final de julho de 2006 o indicador não atingia os patamares atuais.

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