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Brasil deve se aproximar dos EUA se quiser ser mais influente, diz Shannon

O Brasil precisará aprofundar suas relações com os Estados Unidos se quiser assumir um papel mais proeminente no cenário internacional, afirmou ontem o diplomata escolhido pelo presidente Barack Obama para ser o próximo embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon.

Numa audiência convocada pelo Senado para discutir sua nomeação e a de outros embaixadores indicados por Obama, Shannon sugeriu que o Brasil deveria investir no fortalecimento das suas relações com os EUA ao mesmo tempo em que busca alianças com outras potências emergentes, como a China e a Índia.

Na opinião de Shannon, os EUA também deveriam aproveitar o crescente interesse do Brasil em ampliar sua influência externa para reforçar alianças com o país em várias áreas. “O Brasil quer ser visto como um igual pelos poderes globais tradicionais”, disse Shannon. “Esta é uma oportunidade que não devería! mos deixar passar.”

Shannon, um profissional de carreira que chefia a diplomacia dos EUA na América Latina desde a segunda metade do governo do ex-presidente George Bush (2001-2009), trabalhou na embaixada americana em Brasília no início da década de 90 e tem um filho nascido no Brasil. Sua indicação deve ser votada pelo plenário do Senado até o fim do mês.

Nos últimos anos, ele acompanhou de perto a evolução das relações entre o Brasil e os EUA, participando da criação do Fórum Brasil-EUA de Altos Executivos de Empresas, um grupo que reúne empresários dos dois países, e das negociações de um memorando de cooperação na área de biocombustíveis assinado em 2007.

Na audiência, Shannon disse que o fim das barreiras comerciais que hoje impedem a exportação de volumes significativos de etanol do Brasil para os EUA seria “benéfico” para os dois países, mas reconheceu que a iniciativa não teria apoio no Congresso, onde os produtores americanos de etanol contam com a! liados poderosos.

Mas Shannon observou que a descoberta dos enormes depósitos de petróleo na camada pré-sal da Bacia de Santos poderá gerar novas oportunidades para a cooperação entre o Brasil e os EUA. “Podemos ajudar a desenvolver esses recursos e encontrar maneiras de usá-los na região”, afirmou.

Os EUA importam grande parte do petróleo que consomem e dependem muito do fornecimento de regiões politicamente instáveis, como o Oriente Médio e países que veem os EUA com desconfiança, como a Venezuela. A produção de petróleo do México, outro grande fornecedor do país na América Latina, entrou em declínio.

Shannon deverá ser substituído no Departamento de Estado pelo cientista político Arturo Valenzuela, um especialista em assuntos latino-americanos que dá aulas na Universidade Georgetown e trabalhou no governo do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001). Valenzuela também foi sabatinado ontem pelo Senado e sua indicação deve ser votada em breve.

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