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Brasil cresce até 4% neste ano, diz S&P

A agência de classificação Standard and Poor s (S&P) está otimista com a economia brasileira. “O Brasil tem perspectivas econômicas sólidas para 2005”, conclui um relatório da S&P, assinado por Lisa Schineller, principal analista de crédito para o Brasil.

Em entrevista ao Valor, Lisa destaca que dificilmente o país vai repetir neste ano o desempenho de 2004 em termos de crescimento. Ao mesmo tempo, com a melhora dos fundamentos, o Brasil está mais preparado para enfrentar as turbulências do mercado internacional. “O ano passado foi um ano excepcional”, diz.

A analista prevê que a expansão da economia fique entre 3,5% e 4% em 2005. Sobre o ano passado, ela destaca a melhora “expressiva” das contas externas.

O Brasil fechou 2004 com um superávit de US$ 11,669 bilhões na conta de transações correntes e um saldo de US$ 33,693 na balança comercial. Para 2005, Lisa projeta números robustos para as contas externas, mas em níveis menores que do ano passado.

Para as contas fiscais, a previsão também é de melhora. Ela cita como exemplo a queda da participação de papéis cambiais na dívida pública, de 22% em dezembro de 2003 para 9,9% em dezembro de 2004.

O fator que pode complicar este cenário, segundo a analista, são as reformas. “Se as reformas não andarem, o crescimento pode ser comprometido”, diz Lisa. “Taxas sustentadas de crescimento da ordem de 5% anuais requerem avanços na agenda de reformas”, destaca o relatório.

Entre as reformas mais urgentes, Lisa destaca algumas como a independência do Banco Central, a simplificação do regime tributário e a reforma da previdência. Segundo Lisa, com as eleições presidenciais em 2006, o andamento destas reformas pode ser ainda mais prejudicado.

Sobre a tão esperada entrada do Brasil no seleto grupo de país que são de baixo risco de investimento (“investment grade”, no jargão da agências de risco), Lisa diz que “um surpresa” no andamento das reformas estruturais ajudaria o país.

O mesmo vale para uma melhora dos fundamentos da economia acima das previsões iniciais. As notas atuais do Brasil são “BB-” (grau especulativo), para a dívida soberana, e “BB” em moeda local. A perspectiva de ambos os ratings é “estável”.

No relatório, a analista destaca que “apesar das muitas melhoras que permitiram uma classificação de crédito superior para o país, o Brasil ainda continua a ser visto como crédito especulativo”. Segundo a analista, a explicação para este problema é a magnitude dívida interna e externa brasileira.

A relação dívida/PIB no Brasil está em 58%, um número duas vezes maior quando comparados com países que são considerados como investimentos seguros (nota “BBB”).

Com a melhora dos fundamentos, o Brasil segue como o principal destino para os recursos dos fundos que investem em mercados emergentes, segundo um relatório da Merrill Lynch, divulgado ontem.

O Brasil fechou dezembro com participação relativa de 2,1% nos portfólios destes fundos, bem acima do México, com peso de 0,1%, e a maior entre os 16 países emergentes analisados. É o maior nível desde dezembro de 2000.

A S&P prevê que o ritmo de crescimento deve se desacelerar, tanto nos países industrializados quando nos emergentes em 2005. Neste contexto, os fluxos de recursos para os emergentes, incluindo o Brasil, deve cair.

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