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Biocombustíveis também poderiam causar danos

Combustíveis alternativos feitos de milho, soja, cana-de-açúcar e palmeiras podem, em alguns casos, aumentar a emissão de dióxido de carbono na atmosfera, contribuindo para piorar as condições em relação ao aquecimento global, segundo uma pesquisa divulgada ontem, nos Estados Unidos.

De acordo com os cientistas, em entrevista publicada na revista Science, os biocombustíveis podem ser prejudiciais ao meio ambiente se forem produzidos em áreas anteriormente formadas por florestas tropicais, savanas ou pastos

Combustíveis não fósseis, como o etanol feito de milho ou cana e o biodiesel produzido a partir da palmeira ou da soja, são tidos como eficazes para diminuir a dependência dos derivados de petróleo, que emitem gases do efeito estufa. Porém, biocombustíveis podem emitir carbono antes mesmo de serem utilizados, dependendo da maneira como são produzidos, diz o co-autor do estudo, Jason Hill, da universidade de Minnesota.

Carbono liberado antes

Como a demanda por esse tipo de combustível aumenta, fazendeiros estão explorando cada vez mais florestas e pastos que armazenam carbono, fazendo com que a substância seja liberada na atmosfera, antes que o terreno possa começar a produzir os alimentos que serão usados para produzir biocombustíveis.

O crescimento da produção, de acordo com os cientistas, dependeria, portanto, de um aumento inicial da emissão de carbono. Dessa forma, ao invés de diminuir, a prática aumentaria o aquecimento global. Alguns cálculos indicam que, no fim das contas, a quantidade de carbono liberada durante a conversão dos terrenos seria maior que o volume que deixaria de ser emitido a partir da utilização dos novos combustíveis.

Na Indonésia, por exemplo, os cientistas indicaram que a conversão de um terreno de turfas em uma plantação de palmeiras provocou a liberação de uma quantidade de carbono que precisaria de 423 anos para ser compensada.

Amazônia

Outro caso identificado foi relativo à plantação de soja na Amazônia, que só conseguiria compensar a quantidade de carbono liberada durante a conversão em 319 anos.

Os cientistas afirmam que existem fontes de biodiesel que não contribuem de maneira tão grande para o débito de carbono, como plantas não comestíveis e vegetações cuja colheita não cause grandes danos ao solo.

Mesmo assim, se as novas técnicas fossem adotadas sem aumentar as emissões de carbono, os cientistas não são otimistas em relação quanto à substituição por completo dos derivados de petróleo.

– Se usássemos cada grão de milho disponível, a quantidade de biocombustível produzida não seria suficiente para cobrir nem 12% da demanda por combustíveis fósseisnos Estados Unidos – disse Hill. – Mas, se quisermos investir na tecnologia, é bom que não tornemos a situação ainda pior.

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