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Biocombustíveis provocam polêmica

A produção e consumo de biocombustíveis nos Estados Unidos é um assunto polêmico. “Há consenso, quando a mistura do etanol na gasolina vai até os 10%”, comentou o diretor da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, Mark Smith, acrescentando que ainda não está claro quais as conseqüências que as misturas entre 10% e 85% de etanol trazem para os motores dos veículos. A Câmara de Comércio representa 3 milhões de empresas.

Lá, as grandes montadoras de veículos também não têm uma posição uniforme sobre o uso do etanol, segundo Smith. “Não podemos fazer com que uma indústria, que não está passando bem, gaste muito para fazer veículos que vão usar um combustível que pode não ser usado amanhã”, disse a conselheira do Laboratório Nacional de Energia Renovável (NREL, na sigla em inglês), Helena Chum, se referindo a indústria automobilística.

A mistura mais usada nos Estados Unidos é o E85, que tem 70% de etanol e 30% de gasolina no inverno, enquanto no verão se coloca 85% de álcool e 15% de gasolina. Nos EUA, o álcool também tem problemas, como o armazenamento, o transporte e a distribuição. A gasolina é distribuída por dutos e eles não podem ser usados para distribuir o etanol, porque neste tipo de transporte o álcool pega resíduos e umidade. Em vários Estados americanos, a legislação sobre os combustíveis não permite a aceitação do álcool com resíduos, o que pode ser um obstáculo para a entrada do álcool brasileiro.

POLÊMICA

O aumento do consumo dos biocombustíveis vai fazer com que as grandes empresas petroleiras vendam menos e elas têm grande influência na economia. “Ainda não está totalmente claro como será o desenvolvimento desse sistema (de biocombustíveis). Não há decisões sobre isso”, respondeu o gerente do programa de biomassa do Departamento de Energia dos EUA, Jacques Beaudry Losique, ao ser questionado se os Estados Unidos já decidiram se vão produzir todo o etanol que vão precisar.

O resultado das pesquisas desenvolvidas hoje vai definir como será a política de biocombustíveis dos Estados Unidos e de grande parte do mundo. Quem primeiro descobrir a forma competitiva (mais barata) de fazer o álcool de celulose vai vender royalties dessa invenção. No Brasil, a produção do álcool é feita do caldo que sai da cana e o bagaço não é aproveitado para fazer o álcool.

Com a descoberta do álcool de celulose competitivo, os produtores brasileiros poderão aproveitar o bagaço, mas provavelmente vão pagar royalties para fazer isso. “Não sei como seria a transferência desta tecnologia. Mas espero que o Brasil possa usar isso a um custo baixo”, comentou Hélcio Blum, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que está há quatro meses no Laboratório Lawrence Berkely, que é ligado à Universidade da Califórnia.

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