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Biocombustíveis podem afetar meta da ONU de acabar com a fome

O aumento na produção de biocombustíveis originários de plantações pode afetar a meta da ONU de acabar com a fome nos países em desenvolvimento, onde 850 milhões de pessoas não têm comida suficiente, disse uma autoridade sênior da Organização das Nações Unidas.

– Há um enorme potencial para os biocombustíveis, mas temos que levar em conta… a concorrência com a produção de alimentos – afirmou na quarta-feira Alexander Mueller, diretor-geral-assistente da Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) da ONU.

A produção de combustíveis a partir da cana-de-açúcar, do milho, da soja e de outras culturas cresce, impulsionada pela alta nos preços do petróleo, que superam US$ 70 o barril, e pela campanha por combustíveis menos prejudicias ao meio ambiente e de fontes renováveis.

– É um problema completamente novo, só sabemos que tem impacto sobre a questão alimentar no mundo – disse ele em entrevista à imprensa, depois de uma reunião com 1.500 especialistas em recursos hídricos, em Estocolmo.

Mesmo assim, declarou, o aumento na produção de biocombustíveis não afetou o suprimento de alimentos no ano passado.

– Temos de descobrir como vai ficar a situação daqui a cinco ou dez anos… É preciso fazer muitas pesquisas.

Os biocombustíveis compõem apenas uma pequena fração da energia mundial, mas têm o potencial de chegar a 6% do total até 2050, segundo estimativas da FAO.

– É uma questão emergente, que não tem números ou diretrizes claros – disse Mueller.

O crescimento da produção de biocombustíveis pode afetar também os recursos hídricos — cerca de um terço da população mundial vive em áreas onde a área é escassa –, disse ele.

Mueller também comentou que o mundo precisará gerenciar melhor os recursos hídricos para “alimentar todas as pessoas e produzir energia para o mundo”.

Para o especialista, os biocombustíveis são um dos três grandes desafios da agricultura. Os outros dois são as alterações climáticas e a multiplicação da população mundial.

A produção de comida terá de crescer 40% nos próximos 25 anos para se manter em evolução com o aumento na população mundial, que deve chegar a 9 bilhões de pessoas. Isso, por sua vez, fará crescer a demanda pela irrigação.

E as alterações climáticas podem causar secas, enchentes, ondas de calor e erosão do solo. A maioria dos cientistas afirma que as emissões de gases-estufa, principalmente pela queima de combustíveis fósseis em fábricas, usinas e carros, têm elevado as temperaturas do planeta.

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