Mercado

Bens industriais usados têm mercado aquecido

O mercado de bens industriais usados avança entre as fábricas de açúcar e de álcool. O crescimento acompanha a retomada de investimentos do setor, que volta a sinalizar recuperação econômica depois das conturbações registradas por anos seguidos.

Usado, no caso, não significa material de segunda, terceira mãos, às vésperas de ir para o depósito de sucata. É uma estratégica opção alternativa para companhias que, mesmo em fase de recuperação econômica, têm à disposição sistemas de equipamentos prontos, sem que seja necessário esperar pela fabricação – prática comum entre os fornecedores.

A oferta de bens industriais já utilizados cresce também porque as empresas de maior capacitação financeira conseguiram aplicar recursos em modernização industrial nos últimos anos. Bom para elas, que conseguem melhor eficiência de uso da planta. Bom, também, para as demais unidades, que têm nos usados um mercado paralelo e inclusive servem como argumento de barganha junto aos fabricantes de equipamentos.

Até bem pouco tempo atrás, o escambo era a saída mais comum para se adquirir uma moenda já utilizada. Esse tipo de negócio predominou entre compradores e as diretorias das unidades que se dispunham a liberar o equipamento, normalmente substituído por outro, mais potente. Dificilmente uma caixa de evaporação danificada entra no mercado antes da devida recuperação.

Hoje, os usados já dispõem de fornecedores tão estruturados como os de bens zero quilômetro. Piracicaba e Sertãozinho, municípios com tradição em serviços do setor, concentram a maioria dos estabelecimentos que negociam usados. A C.A.S. Equipamentos Ltda, de Piracicaba, é uma delas. Compra e vende equipamentos peças e acessórios para fábricas de açúcar e de álcool, com equipe experiente e devidamente especializada.

A Equipalcool Sistemas, de Sertãozinho, atua tanto no setor que chama para si a autoria do termo “usável”. Otimista em relação ao mercado, a empresa criou uma coligada, a E-machine, companhia que funciona virtualmente pela Internet.

A organização – que funciona pelo site www.e-machine.com.br – reúne fábricas com interesse em vender máquinas e equipamentos que já não atendem mais às necessidades de sua linha produtiva. “Esse nicho chegou para ficar”, diz Lourival Sebastião Benedicto, analista do Departamento Técnico Automotivo da Usina São Carlos, de São Carlos – SP. “A São Carlos não usa nenhum desses equipamentos mas, se precisar, não vê nenhum inconveniente”.

Venda de novos amplia oferta de bens já utilizados

Marcelo Alioti, da Equipalcool Sistemas, administra também a E- machine. Em sua opinião, “assim como todos os mercados relacionados ao setor sucroalcooleiro, o mercado de equipamentos usáveis também reage de forma positiva”.

O aumento das vendas de equipamentos novos, diz, muitas vezes determina a colocação de equipamentos usáveis no mercado, gerando a disponibilidade de equipamentos.

“Para outras empresas, a compra de usáveis torna possível aumentar a produção e até adquirir um equipamento mais atual, através de um menor investimento”, observa.

As unidades sucroalcooleiras passaram por um período de estagnação, comenta, e o mercado exige hoje que elas retomam os investimentos, concentrando-os nos pontos que cada unidade industrial considera mais adequado.

O fornecimento desses equipamentos, revela, depende de cada negociação e preferência do cliente. “Em nosso caso procuramos oferecer opções ao cliente, que permitam a ele decidir quanto ao fornecimento do equipamento: no estado de conservação conforme inspecionado, revisado ou reformado já adaptado as atuais tecnologias”.

Conforme ele, a vida útil do equipamento usável depende muito da manutenção a ele empregada. “No entanto existem equipamentos pesados que apesar de seus 30 ou 40 anos de operação, ainda correspondem às exigências da cadeia produtiva e podem ser adaptados às tecnologias existentes”.

O escambo, acrescenta, é uma prática usada quando o negócio é realizado entre a unidade industrial e uma empresa especializada na compra e venda destes equipamentos. “É comum em uma negociação, quando há entendimento entre as partes envolvidas, que um equipamento usado seja parte do pagamento de outro de maior potência ou capacidade”, revela.

Ainda segundo ele, é possível adquirir um equipamento usável por meio de financiamento. A E-Machine, explica, é uma unidade de negócios especializada na compra, venda e troca de equipamentos usáveis, capaz de viabilizar transações que vão desde um pequeno motor elétrico até unidades industriais completas. Há oferta variada de aquecedores, aparelhos de destilação, centrífugas e caldeiras combustíveis sólidas.

“Utilizando desta estrutura, a unidade industrial consegue um canal sigiloso que permite realizar negócios entre as empresas, e ainda, estar conectado com profissionais que dominam os procedimentos técnicos e comerciais, quando as transações envolvem equipamentos usáveis”.

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