Mercado

Aportes em biodiesel devem chegar a R$ 4 bi

Os investimentos em novas usinas de biodiesel avançam a passos largos, embora o governo federal ainda não tenha decidido se adiantará a adição de 5% ao diesel, por enquanto prevista para 2013.

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) calcula que a compra de bens de capital, máquinas, equipamentos, peças e componentes para a instalação de usinas alcançará R$ 4 bilhões nos próximos três anos, se os projetos anunciados para a produção de 2,4 bilhões de litros ao ano forem concretizados. “Existem grupos que já investem pensando em misturas superiores a 2%”, afirma Rubens Dias de Morais, diretor de assuntos agrícolas da Abimaq.

Entre dezembro de 2005 e junho deste ano, a Dedini, com sede em Piracicaba (SP), vendeu instalações para cinco unidades, totalizando aporte de R$ 120 milhões. Conforme dados já divulgados pelo Ministério de Minas e Energia, os investimentos feitos em novas usinas somam aproximadamente R$ 600 milhões. Esse valor não inclui investimentos anunciados recentemente por grandes grupos.

A americana ADM, por exemplo, anunciou em julho a construção de uma unidade em Rondonópolis (MT), para processar 180 milhões de litros de biodiesel por ano, com investimento de US$ 35 milhões. O frigorífico Bertin também anunciou aporte de R$ 40 milhões em uma unidade em Lins (SP), para produzir 100 milhões de litros por ano. A Barrálcool está aplicando R$ 25 milhões em uma unidade em Barra dos Bugres (MT), para 57 milhões de litros por ano. A cooperativa Cocamar estuda instalar em Maringá (PR) uma unidade, para 30 milhões de litros por ano. E a Caramuru, investirá em uma planta para 100 milhões de litros/ano, em Anápolis (GO).

O BNDES informou que já aprovou três projetos e estuda financiar outros três, totalizando um investimento de R$ 212 milhões, dos quais R$ 180 milhões serão aportados pelo banco. O Banco do Brasil, por sua vez, recebeu 18 pedidos de financiamento, que somam R$ 250 milhões. Rogério Pio, gerente-executivo de agronegócios do banco, diz que oito projetos foram aprovados, somando R$ 117 milhões.

A expansão desse mercado começa a atrair a atenção de grupos estrangeiros, que ainda encontram dificuldades para se instalar no país. A francesa Dagris foi a pioneira entre as companhias estrangeiras a anunciar um projeto de produção de biodiesel na Bahia. A empresa vai produzir o combustível a partir do caroço de algodão colhido no pólo de grãos no oeste baiano. O investimento planejado será de ? 30 milhões.

O projeto, anunciado no primeiro semestre de 2005, entretanto, ainda não saiu do papel. A demora intriga produtores do oeste do Estado e a Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária. O representante da Dagris no Brasil, Gerard Scerb, disse a pessoas que acompanham o projeto que a empresa quer inicialmente concluir o trâmite burocrático da instalação da companhia no país. A empresa montou escritório em São Paulo.

O projeto da Dagris prevê ainda a instalação de uma usina na região metropolitana de Salvador. No total, a empresa pretende produzir 250 milhões de litros por ano de biodiesel. Um funcionário do escritório da Dagris em São Paulo diz que, por enquanto, não há previsão de início das obras na Bahia.

A também francesa Louis Dreyfus tem projeto para instalação de uma usina no Paraná, ainda no papel. A empresa prefere manter o assunto em sigilo.

André Luís dos Santos, diretor de novos negócios da consultoria MB do Brasil, fez projeto para um grupo americano de uma usina com capacidade para 100 milhões de litros/ano, mas o projeto também está em fase de estudo.

Na visão de Miguel Maal, consultor da Europraxis Consulting, a falta de clareza sobre os prazos de implantação da mistura e a burocracia para obter financiamento junto ao BNDES desestimulam o avanço dos investimentos. “Muitas [empresas] aguardam para saber como a Petrobras atuará neste mercado para saber se concorrem ou não”, diz.

Segundo o Ministério de Desenvolvimento Agrário, sete grupos – da Espanha, Itália, Portugal e dos EUA – têm projetos para se instalar no país. A expectativa do governo é que esses investimentos se confirmem nos próximos anos.

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