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Apex apóia negócios em busca de diversificação

Para Quirós, a exportação de bens de maior valor agregado é a saída para reduzir o déficit. O Brasil acumula nos 12 meses encerrados em fevereiro déficit de US$ 472,34 milhões com o Iraque. Apesar de a balança comercial ainda ser desfavorável, as exportações atingiram US$ 16,7 milhões no primeiro bimestre deste ano. O petróleo, principal item da pauta de importações brasileiras daquele país, é o grande responsável pelo desequilíbrio na balança bilateral, de acordo com o presidente da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex-Brasil), Juan Quirós.

“O objetivo da Apex é ampliar e diversificar as exportações para o Iraque. O caminho para reverter o déficit é aumentar o valor agregado das exportações e ganhar participação no mercado iraquiano”, afirma o presidente da agência.

De acordo com ele, o Iraque é um país de oportunidades. “O governo norte-americano aplicou cerca de US$ 18 bilhões na reabilitação dos sistemas de eletricidade, água, saúde, transporte, agricultura e telecomunicações. Além disso, doadores mundiais colocaram US$ 13 bilhões em projetos no país. São mais de US$ 30 bilhões de investimentos que o Brasil não pode ficar de fora”, diz Quirós. Além disso, o presidente da Apex acredita que com a gripe aviária o País tem chances de ampliar as exportações de frango para o Iraque.

A expectativa da agência é de que o processo de reconstrução do Iraque gere mais negócios para as empresas brasileiras este ano. De 8 a 11 de maio, 32 companhias nacionais estarão em Amã, na Jordânia, para expor suas mercadorias na feira “Rebuild Iraq 2006”. De acordo com Quirós, este ano a opção foi por participar de um evento multissetorial, após o sucesso do evento “Brasil na Reconstrução do Iraque” realizado em setembro do ano passado.

A iniciativa de 2005 reuniu cerca de 200 empresas brasileiras e 1.500 importadores, gerando US$ 17,5 milhões em negócios no decorrer da feira e US$ 95 milhões em vendas para os doze meses seguintes. A maior parte das mercadorias vendidas pelo Brasil foi dos setores de alimentos, construção, cosméticos, calçados, móveis, médico-hospitalar, petrolífero, tecnologia da informação e transportes.

“As vendas para o Iraque aumentaram 2.825% no último trimestre do ano passado em comparação com o mesmo período de 2004, o que mostra que a nossa estratégia foi bem-sucedida. Abrimos uma porta para vender ao país e agora é o momento de ocupar o espaço conquistado e aproveitar as oportunidades que o Iraque oferece por meio do setor privado e das compras governamentais. E a feira Rebuild Iraq é um excelente instrumento para isso”, afirma Juan Quirós.

Devem participar da Rebuild Iraq 2006 empresas brasileiras dos setores de bens de capital, equipamentos agrícolas, componentes e materiais dos setores elétrico e eletrônico, indústria petrolífera, construção civil, matéria-prima para indústria de calçados e de panificação e equipamentos médicos e odontológicos.

A expectativa é de que a participação na feira gere negócios da ordem de US$ 1,5 milhão durante o evento e de US$ 20 milhões até maio de 2007. Segundo informações dos organizadores da Rebuild Iraq, quase 2,5 mil projetos em andamento no Iraque estão criando uma demanda massiva por materiais e equipamentos. E a crescente demanda por materiais e tecnologia em setores chaves da economia iraquiana pode exceder US$ 150 bilhões no longo prazo.

Entre os projetos figura a construção de uma série de hospitais no Iraque. A empresa de instrumentos médico-hospitalares Erwin Guth está aproveitando esta oportunidade de negócios. De acordo com a diretora de Exportações, Karin Guth, a empresa começou a exportar em 2001 e fez sua primeira venda para a Arábia Saudita em 2004 e para a Jordânia e os Emirados Árabes Unidos no ano passado. “Hoje já exportamos 22% da nossa produção para 29 países. Por causa de embargos, as vendas para o Iraque ocorrem indiretamente por meio da Jordânia e têm crescido com a construção de hospitais no Iraque, gerando oportunidades de negócios para nossa empresa e outras brasileiras que atuam na área hospitalar”, afirma Karin.

A Erwin Guth faturou R$ 15 milhões no ano passado e pretende duplicar a capacidade produtiva até 2010 visando não só o mercado externo, mas também o doméstico. “Com a capacidade instalada atualmente somos capaz de ampliar em 60% a produção, mas mesmo assim já pensamos em ampliar a capacidade produtiva”, diz.

O comércio do Brasil como os países árabes também passa por um processo de diversificação. Do total exportado pelo Brasil para a Liga Árabe, a Arábia Saudita mais uma vez respondeu pela maior parte das vendas, com US$ 1,2 bilhão. Mas alguns países apresentaram grande crescimento, apesar do volume ainda reduzido.

As vendas do Brasil para o Catar aumentaram 180%; para a Líbia, 83%; para o Iêmen, 52%; para o Kuwait e Comores, 50%; e para o Sudão, 42%. No ano passado, a corrente de comércio entre o Brasil e os países árabes atingiu US$$ 10,5 bilhões, uma alta de 28,3% frente aos US$$ 8,2 bilhões de 2004, superando as previsões de crescimento de 13% da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

As exportações cresceram 29% para US$$ 5,2 bilhões e as importações aumentaram 28% para US$$ 5,3 bilhões, mantendo o equilíbrio da balança comercial pelo terceiro ano consecutivo. Cerca de 66% das exportações brasileiras para os árabes estão relacionadas ao agronegócio, sendo 34% das exportações do segmento referentes a açúcar e 23% a carne bovina. Do lado das importações, 92% dizem respeito a petróleo. E foi a elevação dos preços do petróleo que promoveu o aumento das importações brasileiras dos países árabes no ano passado.

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