Mercado

Apesar dos esforços, saldo comercial continua deficitário

Os produtores de resinas termoplásticas comemoram os bons resultados alcançados no primeiro trimestre deste ano, que projetam um período bastante positivo para o setor, apesar do custo Brasil e da briga acirrada com os artigos importados, principalmente os asiáticos.

Segundo a comissão setorial de resinas termoplásticas da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), de janeiro a março, os embarques de resinas termoplásticas ao exterior superaram 314 mil toneladas, o que representa crescimento de 46,4% em relação ao primeiro trimestre de 2006.

De acordo com o Sindicato da Indústria de Resinas Sintéticas no Estado de São Paulo (Siresp), as estimativas são de que o país feche o ano com exportações de aproximadamente 1,2 milhão de toneladas de resinas, contra a importação de 560 mil toneladas do insumo. Em 2006, as exportações foram 22% superiores a 2005 e as importações cresceram 5,35% no mesmo período. Em 2006, a produção de resinas termoplásticas ficou próxima de 4,9 milhões de toneladas – aumento de 10,4% sobre 2005. Desse total, o Brasil vendeu ao exterior 1,1 milhão de toneladas de resinas termoplásticas e importou 730,6 mil toneladas.

O levantamento da Abiquim sobre o desempenho do segmento de resinas termoplásticas em 2006 engloba o polietileno de baixa densidade (PEBD), polietileno de baixa densidade linear (PEBDL), polietileno de alta densidade (PEAD), o polipropileno (PP), poliestireno (PS), cloretos de polivinila (PVC) e o copolímero de etileno e acetato de vinila (EVA). Em 2006, o PEAD foi a resina mais exportada pelo Brasil, com quase 354 mil toneladas. Em contrapartida, as duas matérias-primas mais importadas foram o PEBDL, com cerca de 175 mil toneladas, e o PET, com 173 mil toneladas importadas.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), as exportações de produtos acabados no ano passado foram de 323,4 mil toneladas (13,39% superior ao obtido em 2005), mas as importações somaram 351,7 mil toneladas, aumento de 17,7% sobre 2005. Os números mostram que o saldo da balança comercial para os produtos acabados ficou negativo em 2006, porque as exportações chegaram a US$ 1,1 bilhão, mas as importações somaram US$ 1,44 bilhão. Um saldo negativo de US$ 344 milhões no ano.

Ainda sobre os artefatos plásticos, segundo a Abiplast, o Mercosul foi o maior destino dos produtos brasileiros em 2006, assimilando 31% das exportações. Em seguida surgem os países Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), exceto o Mercosul, que compraram 28%, seguido dos Estados Unidos com 15% e a União Européia com 10%.

Na sentido inverso, em 2006, de todos os artefatos plásticos comprados pelo Brasil, 30% vieram da União Européia. Em seguida aparece a Ásia (exceto o Oriente Médio), com 23%, logo depois os Estados Unidos, com 21%, e o Mercosul, com 17%.

De acordo com o presidente do Siresp, José Ricardo Roriz Coelho, no estudo que está sendo elaborado sobre a cadeia produtiva do setor se analisa a possibilidade de agregar maior valor aos produtos exportados. “Podemos, tranqüilamente, criar maneiras de enviar parte da nossa produção agrícola, devidamente acondicionada em embalagens plásticas, diferentemente da venda a granel como ocorre hoje”.

Outro ponto do estudo aponta a necessidade de um esforço conjunto de toda a cadeia para desenvolver embalagens alimentícias inovadoras para se se diminuir o uso de conservantes nos alimentos, dentro de um conceito mais saudável e em sintonia com o consumidor moderno.

“Nós temos vários pontos a nosso favor e que poderão nos dar uma grande vantagem comparativa. Somos auto-suficientes em petróleo, temos o álcool para a produção de biopolímeros e contamos com uma indústria de transformação madura”, destaca Roriz Coelho.

Para estimular as exportações, existe o Export Plastic, criado em 2004. Wagner Delarovera, gerente- executivo do Export Plástic, diz que o programa destina-se às pequenas e médias empresas e visa facilitar a venda de seus produtos no exterior por meio de ações comerciais, prospecção de mercado e capacitação. Atualmente, são cerca de 100 associadas, em 12 estados brasileiros, com 50% das empresas estabelecidas em São Paulo. O programa é uma iniciativa do Instituto Nacional de Plástico (INP) em conjunto com a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), órgão do Ministério da Indústria e Comércio, e de toda cadeia de plástico.

Segundo Delarovera, as empresas associadas exportaram ao longo de 2006 cerca de US$ 115 milhões, equivalentes a 68 mil toneladas. Estes valores, se comparados a 2003, representam crescimento de 147% em valor e 96% em volume físico. “Até o final de 2008 temos como meta subir nossas exportações em US$ 80 milhões, aumentar o número de associadas de 100 para 170, gerar mais de 700 postos de trabalho e fechar negócios com países como Colômbia, Venezuela, Chile, África do Sul, Portugal, Espanha, França, Inglaterra, entre outros.”

A maioria dos produtos plásticos comprados pelos Estados Unidos são de origem chinesa, afirma Delarovera. “Vamos intensificar nossas ações nos mercados norte-americano e europeu, porque enquanto um produto chinês leva seis semanas para alcançar a esses destinos, um artefato brasileiro pode chegar em apenas duas semanas.”

Outro aspecto positivo do produto brasileiro destacado pelo gerente, em comparação ao chinês, é que aqui, em virtude de toda a cadeia trabalhar em sintonia, há a garantia da matéria-prima e da mesma qualidade. “Na China, às vezes um mesmo lote de produto foi feito com matérias-primas de origens diversas, o que pode comprometer a qualidade do produto final.”

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