Mercado

Annan prevê crise de alimentos

O ex-secretário-geral da Orga­­nização das Nações Unidas (ONU) Kofi Annan afirmou ontem que o recente salto dos preços das commodities agrícolas vai ter forte im­­pacto sobre as populações africanas, onde as pessoas chegam a gastar de 70% a 80% dos seus salários com alimentos. Nos últimos meses, as cotações do milho e do trigo dispararam na Bolsa de Chi­­cago (CBOT), em meio a preocupações com a oferta nos EUA e em países como Rússia (cuja safra foi duramente afetada pela seca) e Paquistão (prejudicado por inundações). “Se [a alta] nos preços do alimentos continuar, acho que veremos mais problemas sociais”, disse Annan, que atualmente é presidente da Aliança por uma Revolução Verde na África (Agra, na sigla em inglês), instituição que visa à autossuficiência alimentar da África e a aumentar a produtividade das lavouras. As declarações foram feitas nos bastidores da World Food Prize Con­­ference, nos EUA.

Annan comentou, ainda, que a utilização de alimentos para produção de etanol continua sendo uma preocupação. Ele questionou os subsídios governamentais oferecidos para etanol de milho (produzido especialmente nos Estados Unidos), que, segundo Annan, fazem subir os preços dos alimentos. “Algumas pessoas dizem que não há impactos. Eu não estou convencido disso.” Annan afirmou que “não tem problemas” com o uso da cana-de-açúcar na produção de etanol, como se vê no Brasil.

O ex-secretário-geral da ONU declarou que pouca coisa foi feita desde 2008 – quando os preços dos alimentos atingiram níveis recorde e causaram dificuldades em alguns lugares do mundo – para combater a carência de alimentos. “Perdemos a oportunidade de explorar a [última] crise alimentar, assim como fizemos com a crise financeira”, criticou.

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