Mercado

Análise Cepea sobre o mercado de açúcar e álcool

O mercado paulista de açúcar seguiu firme na maior parte de abril, sustentado pela oferta relativamente pequena, principalmente de açúcar cristal (até cor 150) ainda da safra 2007/08. O início da moagem da temporada 2008/09 não exerceu pressão sobre as cotações do açúcar cristal, tendo em vista que a produção inicial se concentra no produto VHP e no álcool. A média do Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal (estado de São Paulo) foi de R$ 28,11/saca de 50kg, 2,46% superior à de março.

Quanto à safra 2008/09 na região Centro-Sul, a Unica estima que sejam produzidas 498,10 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, volume recorde. Desse total, deverão ser geradas 28,6 milhões de toneladas de açúcar e 24,3 bilhões de litros de álcool – 7,65 bilhões de litros de anidro e 16,6 bilhões de hidratado. Comparando-se à safra 2007/08, deve haver um acréscimo de 16% na produção de cana. A nova safra contará com 32 usinas a mais em operação.

A safra, novamente, deverá ser mais alcooleira. Inicialmente, o mix de produção estimado é de 58% da cana para álcool e 42% para açúcar. O volume total de Açúcar Total Recuperável (ATR) pode chegar a 71,6 milhões de toneladas, 15% superior ao da safra passada. Já a quantidade média de ATR é estimada em torno de 143,8 kg por tonelada, o que representaria leve queda de 1% sobre a safra anterior.

As exportações brasileiras de açúcar podem atingir 18,9 milhões de toneladas, o que representaria aumento de 15% sobre a safra 2007/08 (16,4 milhões de toneladas). Isso porque o Brasil pode recuperar o mercado que vem sendo abastecido pela Índia – a partir da safra mundial 2008/09, com início em outubro, a oferta indiana deve reduzir em cerca de 5 milhões de toneladas. Os principais mercados importadores devem ser Rússia, Arábia Saudita e Emirados Árabes. Para o álcool, as exportações brasileiras podem crescer 27%, chegando a 3,9 bilhões de litros.

No mercado paulista de álcool, os preços caíram até meados de abril. Além de um maior número maior de usinas terem iniciado a moagem, algumas unidades continuaram vendendo seus estoques de álcool, pressionando as cotações. No final do mês, porém, os preços subiram por conta de interrupções na moagem, decorrente das chuvas que dificultam as atividades de campo, que proporcionaram um certo enxugamento da oferta.

No balanço do mês, o Indicador CEPEA/ESALQ do anidro registrou baixa de 5,07% frente ao mês anterior, com cotação média de R$ 0,7894/litro (sem impostos). Para o hidratado, o recuo foi de 5,17% no período, com média de R$ 0,7156/litro.

As relações entre os preços dos álcoois e do açúcar mostraram que, em média, o açúcar negociado no mercado interno remunerou 4% mais que o anidro e 8% a mais que o álcool hidratado em abril. Considerando os dois tipos de álcool, o anidro remunerou, em média, cerca de 4% mais que o hidratado.

O preço do álcool anidro combustível recebido pelo produtor representou 8,61% do preço da gasolina C vendida ao varejo em abril, no estado de São Paulo.

As vendas de açúcar no mercado interno remuneraram cerca de 7% mais que as vendas externas em abril (considerando-se: o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ, o vencimento Agosto/08 na Bolsa de Londres (Liffe), um desconto de qualidade estimado em US$ 27,60/t, e custos com elevação e frete de US$ 64,00/t).

Nos estados do Nordeste, os preços do álcool seguiram em alta, devido ao fim da safra na região. Em Pernambuco, o Indicador CEPEA/ESALQ do hidratado teve média de R$ 0,8369/litro, aumento de 1,39% em relação ao mês anterior. Para o anidro, o Indicador CEPEA/ESALQ teve média de R$ 0,9766/litro, alta de 3,74% sobre março. Em Alagoas, os Indicadores foram de R$ 0,9468/litro (com impostos) para o anidro e de R$ 0,8483/litro (com impostos, exceto ICMS) para o hidratado, elevações de 2,37% e de 3,28%, respectivamente, em relação ao mês anterior.

Para o açúcar, o comportamento foi de baixa no Nordeste, com média de R$ 31,84/saca em Alagoas e de R$ 30,42/saca em Pernambuco, quedas de 6,45% e 9,90%, respectivamente.

No mercado internacional, a Organização Internacional do Açúcar (OIA) estimou a produção mundial de açúcar da safra 2007/08 (outubro/07 a setembro/08) em 168,44 milhões de toneladas e o consumo, em 159,13 milhões, resultando em superávit de 9,31 milhões de toneladas. A entidade também projeta que o consumo mundial de etanol seja crescente nos próximos anos, saltando de 77 bilhões de litros neste ano para 127 bilhões em 2015, o que ajudaria a reduzir o excedente de açúcar.

O governo da Índia anunciou a cota de venda de açúcar para o mercado doméstico em 4,4 milhões de toneladas, para o trimestre de abril-junho. Para abril, a cota será de 1,7 milhão de toneladas. Quanto às exportações do país, a Associação Indiana de Usinas de Açúcar estima entre 3 e 3,1 milhões de toneladas até o final de setembro, quando termina o ano-safra 2007/08.

Na Bolsa de Mercadoria e Futuros do Estado de São Paulo (BM&F), no último dia de pregão (30/04/08), foram negociados os contratos Julho/08 e Setembro/08 para o açúcar (código ISU), com variações de –0,71% e 2,8%, respectivamente. Também foram negociados contratos referentes à Setembro/08. Para o álcool (Ethanol – código ETN), foram negociados os contratos referentes aos vencimentos de Maio/08, Junho/08, Julho/08, Agosto/08, Setembro/08, Outubro/08, Novembro/08 e Dezembro/08 com variações de 6,38%, 2,89%, 2,34%, 3,49%, 3,02%, 4,47%, 0,53% e 2,24%, respectivamente.

Análise sobre o setor sucroalcooleiro elaborada pelo Cepea.

Equipe: Profa. Heloisa Lee Burnquist, Profa. Mirian R. Piedade Bacchi, Profa. Marta Cristina Marjotta-Maistro, Ivelise Rasera Bragato, Mariana Pessini e Viviane Packer.

Contato: [email protected]

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