Mercado

Usina Vertente ainda resiste à oferta da Bunge

A Bunge anunciou ontem na bolsa de Nova York que finalizou o acordo para a compra de 100% de participação de mais quatro das cinco usinas do Grupo Moema que a multinacional ainda não tinha adquirido. O negócio contemplou, inclusive, a usina Itapagipe, que tinha a americana Cargill como acionista, com fatia de 43,75%.

Mas não foi a tradicional rival que impôs dificuldades ao plano da Bunge de ser uma das líderes consolidadoras do segmento sucroalcooleiro. A grande surpresa foi a usina Vertente, de Guaraci (SP). O grupo Humus Agroterra, que detinha 50% de participação na usina até antes de o grupo Moema vender sua metade para a Bunge, finalizou a rodada de negociações ampliando sua fatia na usina e obtendo, portanto, o controle.

O que ocorreu, explica uma fonte de mercado, é que o grupo Humus decidiu exercer seu direito de preferência e trocou os 30% que detinha na usina Guariroba (SP) – também em sociedade com o grupo Moema – por uma maior participação na Vertente. O Valor apurou que a decisão do grupo Humus, controlado pela CLEEL Empreendimentos, de exercer o direito de preferência deveu-se ao fato de ainda haver indecisão por parte da família controladora de se desfazer do negócio. “Além disso, a usina Vertente é muito boa e isso reforça dúvidas se vale ou não a pena vender”, diz a mesma fonte. A Vertente começou a operar em 2004 e tem capacidade para moer ais de 1,5 milhão de toneladas.

Apesar do interesse da Bunge em adquirir a totalidade das ações da Vertente, o Valor também apurou que o grupo Humus cogita até fazer uma oferta pela fatia da nova sócia. O negócio – compra ou venda -, segundo a fonte, deve ser fechado nos próximos dez dias. Se resolver vender sua parte para a multinacional, o grupo Humus deverá buscar uma condição mais favorável que a oferecida pelas participações nas outras quatro usinas que a Bunge ficou com 100%. Fontes do mercado admitem que a resistência atual é parte dessa tática.

No dia 24 deste mês a Bunge anunciou a compra do Grupo Moema, que tinha como principal acionista o empresário Maurílio Biagi Filho. Com os acordos anunciados ontem, a multinacional passa a deter 89% dos 15,4 milhões de toneladas de capacidade de moagem da Moema. Se dobrar a Vertente, a operação totalizará US$ 1,48 bilhão, a maior parte por meio de troca de ações da matriz Bunge Limited. No total, a múlti deve emitir 10,8 milhões de ações e assumir dívidas de US$ 675 milhões. (Fabiana Batista)

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