Mercado

Sorgo beira dois milhões de hectares

Uma das expectativas do setor rural acerca do Plano Safra 2012/2013 – pronto para ser divulgado, hoje, pela presidente Dilma Rousseff – relaciona-se ao tamanho do apoio público dado ao cultivo de sorgo sacarino, o tipo utilizado na renovação de canaviais e na produção de etanol.

Cereal cujo período de plantio permite revezamento com as culturas da soja e da cana-de-açúcar, o sorgo, classificado em três tipos, ocupa 1,9 milhão de hectares no Brasil e deve render 324 milhões de toneladas na próxima colheita, a partir de julho, se as estimativas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) se confirmarem.

A divisão de Milho & Sorgo da entidade projeta área de 100 mil hectares, na safra atual, para o tipo sacarino. O suficiente para se acrescentar 300 milhões de litros de etanol à oferta nacional do biocombustível. Por esse motivo, o governo federal parece decidido a liberar R$ 270 milhões ao financiamento da cultura – como disse, à Agência Estado, o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Gerardo Fontelles, há dez dias. O Mapa, por meio de uma assessora, recusou-se a confirmar.

“A safra de cana deve ser renovada após o quinto corte. Destrói-se o canavial para se plantar novamente, depois. Nesse intervalo, aproveita-se a infraestrutura para cultivar sorgo sacarino”, explica o pesquisador da Embrapa Milho & Sorgo, Robert Schaft.

Já o sorgo granífero, adequado para ração de animais, se espalha por 1,3 milhão de hectares, devendo render quatro milhões de toneladas no ciclo atual. A projeção de área da entidade, neste caso, supera em 58% a da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que prevê colheita de 821,7 mil toneladas em 2012.

Schaft pontuou que “ainda falta conhecimento para que se obtenha melhor aproveitamento, com o máximo de produtividade, da cultura”. Um gargalo, segundo o especialista, é a carência de sementes eficazes. A Embrapa lançou duas variedades neste ano.

Sorgo farto

Em São Gabriel do Oeste (MS), cidade considerada a maior produtora de sorgo, a cultura foi parcialmente substituída, neste ano, pela segunda safra do milho (a chamada safrinha). Mesmo assim, posto que até o prefeito planta o cereal, o município deve produzir 60 mil toneladas do tipo granífero na safra atual.

“A área plantada é diretamente proporcional ao clima. Neste ano, a chuva favoreceu o milho”, contou o engenheiro agrônomo André Bortoli, da Secretaria de Infraestrutura Rural de São Gabriel do Oeste. “O milho é mais viável, mais rentável”, complementou o presidente do sindicato local, Júlio Bortoline.

Em condições de clima seco, a cidade costuma plantar cerca de vinte mil hectares de sorgo. Neste ano, com alta umidade, a área caiu para 12 mil, dando espaço ao milho. “Sempre que possível, o produtor opta pelo milho”, acrescentou Bortoline.

O custo de produção gira em torno de R$ 1.000 por hectare. O retorno financeiro varia de 30% a 40%, a depender do clima, que determina a produtividade do cereal (variável entre 40 e 70 toneladas por hectare), de acordo com o representante.

O sorgo produzido em São Gabriel do Oeste é quase inteiramente consumido por uma cooperativa local, que produz suínos e utiliza o cereal como fonte de alimentação. Alguma parcela da produção é direcionada a outros estados.

Os produtores de sorgo da cidade são, antes disso, sojicultores. Têm, em geral, propriedades de grande porte onde alternam as culturas. O prefeito, por exemplo, cultiva o cereal em 1.500 hectares, segundo Bortoli.

Plano Safra

O Plano Safra que será publicado hoje apresenta uma alta de 7,4% do volume financeiro disponível para custeio e investimentos na safra de 2012/13. O governo oferece R$ 115,2 bilhões em créditos à agricultura na safra que se inicia em primeiro de julho, segundo a Agência Brasil. O valor supera os R$ 107,2 bilhões empenhados anteriormente.

A taxa de juros referencial dos empréstimos, hoje em 6,75%, deve ser reduzida para 5,5%, facilitando o pagamento. O serviço de notícias acrescenta que o governo vai ampliar os discursos destinados a cooperativas e agricultores de médio porte. Para pequenos produtores, o montante previsto é de R$ 18 bilhões.

O Mapa publicou ontem que os destaques do Plano Safra são novas medidas de apoio aos mercados de pecuária, cana-de-açúcar e agroenergia, além de ações relacionadas à estocagem de suco de laranja. Garantiu que vai fixar preço à citricultura.

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