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Sindicalistas pedem maior atenção ao setor sucroalcooloeiro

O deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), aproveitará a reunião de amanhã entre representantes centrais sindicais e a presidente Dilma Rousseff para entregar uma carta com reivindicações de investimentos no setor sucroalcooleiro.

Assinado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Açúcar, da Alimentação e Afins de Sertãozinho e Região, Antonio Vitor, o documento cita a quebra da safra 2011/12 de cana-de-açúcar e a retração dos investimentos das usinas de etanol e açúcar que, segundo o texto, põe em risco milhares de empregos.

“Queremos mostrar nossa preocupação e solicitar medidas emergenciais à Vossa Excelência para que centenas de milhares de empregos não sejam extintos e para que se crie um ambiente favorável à imediata retomada dos investimentos na cadeia produtiva do setor canavieiro”, diz a carta, que também menciona o recente anúncio do Plano Estratégico do Setor sucroalcooleiro, que envolveria investimentos superiores a R$ 60 bilhões e “cujas metas já são contestadas por técnicos do setor”.

Além das críticas e reivindicações, o documento traz uma lista de 24 usinas que não processarão cana ao longo da safra 2012/13, que tem início previsto para abril. “O índice de emprego do setor vai despencar”, disse ao Valor Antonio Vitor. Segundo ele, outras seis usinas devem anunciar o fim suas atividades nas próximas semanas. Somadas, as 30 usinas representariam a extinção de 30 mil empregos diretos, segundo o documento.

Apesar do alarme, grande parte das usinas citadas já não operam há alguns anos, estão falidas ou em processo de recuperação judicial, como é o caso da Usina Albertina, de Sertãozinho (SP), que anunciou o fim de suas operações de processamento de cana em fevereiro passado. Das usinas citadas pela carta, nenhuma é associada à União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), principal entidade representativa do setor.

Entre as medidas defendidas pelos sindicalistas, estão os investimentos em programas de qualificação dos trabalhadores demitidos das usinas, a formalização de um marco regulatório para o setor, linhas especiais de financiamento à indústria de bens de capital, redução da carga tributária do etanol e a inserção da bioeletricidade na matriz energética brasileira.

Os sindicalistas também pedem que haja um “compromisso por parte dos usineiros para que não suspendam a produção de etanol hidratado [vendido nas bombas] em favor do anidro [misturado à gasolina] destinado à exportação”.

“Tivemos muito trabalho para jogar fora o carro a álcool. Mas foi só aparecer o pré-sal e eles [o governo federal] querem acabar com o programa do etanol”, criticou Antonio Vitor. “Depende muito mais do governo prestigiar o setor e o nosso emprego, da mesma forma que ele prestigia o pré-sal”, acrescentou.

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