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Chineses ampliam presença no setor de cana-de-açúcar. Confira os impactos desse avanço

Chineses ampliam presença no setor de cana-de-açúcar. Confira os impactos desse avanço

Companhias de origem chinesa aumentam o controle em empresas com atuação no setor sucroenergético do Brasil. A mais recente negociação que envolve grupo chinês está relacionada à compra do controle do grupo suíço Syngenta.

Especializada em defensivos agrícolas e sementes, a Syngenta tem forte atuação no setor sucroenergetico. É dela, por exemplo, a tecnologia CEEDS, focada no desenvolvimento de canaviais.

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Até onde vai o apetite chinês pelo setor de cana-de-açúcar brasileiro? O Portal JornalCana analisa os impactos desse avanço. 

chinaA oferta de compra da suíça Syngenta envolve US$ 43 bilhões a serem oferecidos pela ChemChina, que é companhia estatal. Se o negócio foi concluído, será a maior aquisição promovida por uma empresa chinesa no exterior.

Ao longo de 2015 a Syngenta foi sondada por outros interessados de peso, como a americana Monsanto e a alemã Basf. Os chineses levaram a melhor.

Caso a compra da Syngenta seja efetivada, a China ganhará forte presença na ‘porteira para fora’ do setor sucroenergético brasileiro, formado por cerca de 10 milhões de hectares.

Além da tecnologia CEEDS, a companhia suíça oferece produtos e serviços já empregados nos canaviais, muitos decorrentes de seu sistema Plene, como as ‘sementes’ de cana previstas para chegar ao mercado em 2017.

Dona da Noble

Fora a presença no ‘porteira para fora’, os chineses já operam ‘porteira adentro’ do setor sucroenergético brasileiro. São eles quem controlam, por exemplo, a companhia sucroenergética Noble.

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Com quatro usinas de cana-de-açúcar no estado de São Paulo, capazes de moer 17 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, a Noble Agri é resultado de joint venture criada em outubro de 2014 entre o Noble Group, a COFCO e um consórcio de investidores. Detalhe: são chineses.

A COFCO, por exemplo, acaba de adquirir 100% do controle da Noble Group. Criada em 1949, ficou durante 21 anos entre as 50 companhias mais ricas do mundo.

Assim como a ChemChina, a COFCO também tem controle do governo chinês.

Sendo assim, quem entra firme no setor sucroenergético brasileiro é o próprio governo da China.

Vantagens dos chineses

Quais as vantagens disso para o setor de cana-de-açúcar do Brasil? O Portal JornalCana apurou junto a analistas e, entre os favorecimentos, estão a expertise de companhias como a COFCO, consolidadas como operadoras de comercialização (tradings), o que ampliará a negociação de produtos decorrentes da cana entre outros países.

Outro benefício está relacionado a novos investimentos. “Como estão capitalizadas, e não dependem de financiamentos com taxas de juros exorbitantes, essas empresas estatais podem investir nas plantas industriais existentes e até ampliar aportes no setor sucroenergético geral”, avalia analista.

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E as desvantagens? 

Entre as desvantagens está a concentração de companhias de cana-de-açúcar nas mãos de estatais de um só país, o que pode gerar possíveis controles e até imposição de preços sobre produtos e serviços.

Negociações

Fora a Noble Agri e a Syngenta, os chineses têm um histórico de negociações com empresas do setor sucroenergético brasileiro. É um histórico de uma década para cá e os resultados não deram certo. Mas diante o apetite chinês atual, e com o real enfraquecido, é bem possível que tais negociações voltem a ocorrer.

O Portal JornalCana lista a seguir alguns negócios entre chineses e companhias de cana-de-açúcar que não chegaram a ser concluídos.

1 – Em 2007 foi anunciada parceria entre a estatal chinesa BBCA Bioquímica, da província de Anhui, e a companhia de cana-de-açúcar Grupo Farias, com sede em Pernambuco, para a implantação de duas usinas de etanol. A previsão inicial era de uma produção de 800 milhões de litros, toda ela focada à exportação para a China. As usinas estavam projetadas para entrar em funcionamento em 2010.

2 – Em 2014 ganhou força a possível aquisição pela estatal COFCO de unidade produtora de etanol e açúcar da Unialco no estado do Mato Grosso do Sul. A unidade integra a Alcoolvale, controlada pela Unialco.

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