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Archer Consulting vê retração no mercado de açúcar

O mês de junho encerrou com 718.000 contratos, a menor posição desde dezembro de 2017

Archer Consulting vê retração no mercado de açúcar

O contrato futuro de açúcar em NY com vencimento para julho/22 expirou na última quinta-feira (30/06) resultando em uma entrega física de pouco mais de 500.000 toneladas do alimento.

O mês de junho encerrou com 718.000 contratos, a menor posição desde dezembro de 2017. A média de contratos em aberto no açúcar em NY nos últimos 10 anos foi de 888.000 e a maior posição (1.259.000 contratos) ocorreu em fevereiro de 2020 antes da pandemia enquanto a menor posição foi de 683.000 contratos em outubro de 2017.

“Mercado sem volume reflete a anemia do mercado e falta de horizonte”, avalia o consultor Arnaldo Luiz Corrêa, da Archer Consulting.

O consultor criticou a política de combustíveis que traz a proposta de auxílio financeiro de R$ 3.8 bilhões a ser ressarcido aos estados em cinco parcelas mensais de agosto até dezembro. O projeto ignora o mês de julho, ou seja, ninguém tem a mínima ideia de como o mercado vai formar o preço do etanol hidratado. As usinas mais prudentes vão estocar e aguardar.

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Correa também condenou a forma de divisão deste auxílio entre os estados, baseada no consumo e não produção de cada um deles.

“Estados que não tem usinas vão receber parte desse dinheiro e dividir entre o produtor e/ou distribuidor. Estados produtores que consomem bem menos da metade do que produzem vão perder dinheiro quando aplicada a proporcionalidade, caso de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O mais justo seria que o crédito fosse proporcional à produção de cada estado. Mas, não podemos esquecer que a formação de preço do etanol hidratado é – grosso modo – função do preço da gasolina que por sua vez é função do mercado internacional e do câmbio. Isto é, nada garante que não podemos ter os preços do combustível novamente alterados. Vale tudo para a reeleição”, analisa o consultor.

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Voltando ao açúcar, Correa informa que a semana fechou no vermelho em NY. O contrato para vencimento em outubro/22, agora o primeiro mês de negociação, encerrou o pregão de sexta-feira (01/07) cotado a 18.06 centavos de dólar por libra-peso, queda de 25 pontos em relação a semana anterior. O real, por sua vez, caiu 1.67% na semana e o dólar valia na sexta-feira R$ 5,3310.

“Vale um sinal de alerta para o fato de os fundos terem praticamente zerado suas posições compradas. Pode ser que eles entrem vendidos agora e se o fizeram será uma pressão adicional em NY que vai contar com o rebaixamento do preço do etanol hidratado na arbitragem com o açúcar. O que dá suporte para o açúcar é o fato de o etanol contar com a vantagem do CBIO que hoje representa 100 pontos equivalente NY. No entanto, a coisa pode ser pior”, avalia Correa.

Segundo ele, com as modificações tributárias introduzidas, a gasolina deve chegar brevemente aos postos a R$ 5,4800 o litro. Para o etanol ser competitivo seu preço máximo teria que ser de R$ 3.8360 o litro, que equivale a R$ 3.1160 com ICMS na usina, ou seja, equivalente a açúcar NY a 15.19 centavos de dólar por libra-peso.

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“Temos que adicionar o CBIO, colocando o ponto de equilíbrio em 16.25 centavos de dólar por libra-peso. Podemos esperar por uma queda de 200 pontos? Acho difícil, pois as usinas estão bem fixadas para essa safra (diria uns 85%). O açúcar que ainda depende de fixação deverá ser fixado contra o vencimento março/23. Toda essa regra tributária volta a ser o que era a partir de 1º de janeiro”, explica o consultor.

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