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Ambiente macroeconômico ainda é desafiador para os preços do açúcar

Mas fundamentos permanecem otimistas

Sacas de açúcar branco produzidas na Zilor (Crédito: Divulgação Zilor)
Sacas de açúcar branco produzidas na Zilor (Crédito: Divulgação Zilor)

Relatório de Açúcar & Etanol da hEDGEpoint, consultoria especializada em inteligência de mercado, divulgado nesta semana, mostra que o ambiente macroeconômico ainda é desafiador para os preços do açúcar.

Segundo o documento, a percepção de risco, dada à inflação global, pode impedir investimentos e negociações especulativas. Ao mesmo tempo, os esforços do governo brasileiro em reduzir os preços do etanol contribuíram para que a faixa de preços do alimento caísse.

“No entanto, os fundamentos permanecem otimistas: os fluxos comerciais estão apertados, principalmente, pela menor oferta de branco. Tanto a Índia quanto a Tailândia desempenharam um papel importante ao reduzir suas exportações do açúcar de maior qualidade aproveitando os preços do bruto”, afirma.

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A consultoria informa que o prêmio do branco atingiu alta de 10 anos e a demanda está reagindo. “Em uma época do ano em que o Brasil é o principal exportador, já que a Índia fica limitada tanto pelo final da safra quanto pelas monções, temos visto altos basis – acima de 30 pts em Santos – indicando que a demanda está, de fato, aquecida e que o produto, escasso. Isso se traduz em nossos números atuais de fluxo de comércio”, explica.

Em termos totais, a empresa vê um déficit para o segundo trimestre. “Ao mesmo tempo em que os destinos começaram a licitar o açúcar, o Brasil enfrentou um atraso no início da safra, comprometendo parte da disponibilidade. No terceiro trimestre, embora esperemos um retorno do país, o principal produtor do Hemisfério Norte, a Índia, reduzirá sua participação ao entrar na estação das monções”, comenta.

Ainda ressalta que, como o sentimento de risco global parece ter melhorado nos últimos dias, as commodities responderam positivamente. No caso do açúcar, esse não é o único motivo da recuperação em seu preço. Desde o menor valor em quatro meses, 17,7 c$/lb, o mercado recuperou mais de um centavo por libra-peso, chegando a 18,8 c$/lb, dada a demanda impulsionada pelos brancos.

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“Exploramos em nosso último relatório como a decisão da Índia e da Tailândia de se concentrar na exportação de bruto ajudou a apertar o mercado de branco e, portanto, contribuiu para o maior prêmio do branco em mais de 10 anos. Ainda, quanto maior for o prêmio do branco, em algum momento, isso acaba afetando também o preço do bruto, pois a demanda das refinarias, eventualmente, aumenta”, elucida.

Vale ressaltar que o principal aperto vem do branco avisa a consultoria: o Brasil é um grande exportador de bruto e, nesta safra, também o foram a Índia e a Tailândia. Os trimestres do próximo ano são mais difíceis de prever. Se, no entanto, os preços continuarem favoráveis ao refino, poderemos ver os países do Hemisfério Norte mais uma vez priorizando os brancos – voltando a sua sazonalidade média.

“Os fundamentos gerais de disponibilidade apontam para uma tendência mais otimista mas, no entanto, o ambiente político e macro pode impedir que os preços superem20c$/lb”, afirma.

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A hEDGEpoint analista ainda que, como as economias globais enfrentam inflação, o Brasil ainda está em um ambiente de alta percepção de risco. Portanto, embora mais brando, o receio ainda pode vir a impedir investimentos e negociações especulativas, tornando a recuperação dos preços do adoçante restritas.

“Não só isso, mas, como o Brasil é o principal fornecedor do período, a paridade do etanol se torna o piso, que atualmente, se encontra em cerca de 17,8c$/lb (já acrescida CBIO). Esperamos que alguma resistência seja encontrada a partir de 17,8 c$/lb, especialmente à medida que se aproxima da arbitragem de importação chinesa em 17c$/lb”, conclui a consultoria.

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