Mercado

Alta no frete inviabiliza vendas no Paraná

Todo ano, quando a safra brasileira de grãos começa ser colhida, tem início uma corrida por caminhões disponíveis para escoar a produção. Produtores, cooperativas, traders e indústrias disputam a disponibilidade de cada carreta, em um aumento de demanda tão grande, que não se importam, ou melhor, são obrigados a pagar reajustes de preços que superam a barreira 50%, em prazos inferiores a 15 dias, em muitos casos.

No Paraná, por exemplo, o transporte da soja do norte do estado até o porto de Paranaguá já sofreu um aumento de preços da ordem de 66% nas duas últimas semanas. Levar uma tonelada do grão de Cascavel até o porto, que custava R$ 45, passou a ser escoada pelo valor de R$ 75. “Com esse aumento nos fretes, levar soja do interior até o porto ficou inviável em alguns casos, já que o preço da soja não está no mesmo patamar do ano passado”, afirma Odinéia Santos, analista da consultoria Safras&Mercado, que considera o aumento de preços abusivo, apesar de ser comum a elevação do frete com a entrada da safra.Fixação de preços

De acordo com Steve Cachia, analista da corretora Cerealpar, do Paraná, os produtores da região sul do estado também estão retraído por causa do aumento dos fretes. “Percebemos nas últimas semanas que os produtores não têm fixado preços, mesmo com a melhora das cotações nos mercados externo e interno”, afirma Cachia, lembrando que o frete não é o único fator para a retração dos agricultores, mas que tem uma influência relevante na decisão.

O início da colheita, principalmente da soja, além de aumentar os valores cobrados para transportar a safra, eleva também a concorrência entre produtos. Os moinhos de trigo de São Paulo, por exemplo, também estão pagando mais para trazer o grão das cooperativas do norte do Paraná para São Paulo, mesmo não sendo período de colheita de trigo. “Além dos preços do grão terem subido nos últimos dias no mercado externo, trazer o grão para os moinhos ficou mais caro porque a soja virou uma concorrente”, afirma Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico.

Ajuste de frota

O motivo para o aumento de preços é velha lei de oferta e demanda. Quando a procura por caminhões cresce as transportadoras direcionam as frotas para onde se oferece mais. A Transvale, de São Paulo, por exemplo, elevou em 20% o número de caminhões em operação. “Em média, trabalhamos com 50 caminhões de terceiros por dia. Com a entrada da safra elevamos esse número para 60 veículos/dia para poder atender o aumento da demanda”, diz Edmar de Mello, gerente da transportadora.

Especializada no transporte de açúcar, a Transvale reajustou em 14,3% seus valores em apenas uma semana. A empresa cobrava R$ 70 por tonelada para levar o açúcar de Araçatuba (SP) até Paranaguá até o dia 11. Na última sexta-feira (18), o valor cobrado já era de R$ 80 por tonelada de açúcar transportada para o Paraná.

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