Mercado

Alta futura do açúcar pode ser ilusória

Embora impere o otimismo entre usineiros e plantadores de cana, em relação às perspectivas do mercado de açúcar, dificilmente a tendência dos preços é de alta, segundo análise feita ontem pelo consultor Júlio Maria Borges, da Job Economia. A uma platéia composta por produtores do setor e operadores de mercado, Borges explicou que não há fatos que justifiquem um movimento altista dos preços do açúcar ou mesmo que indiquem que se sustentarão nos níveis atuais.

Entre as razões para a baixa das cotações está a recuperação da safra da Índia e ainda, a perspectiva de que o Brasil terá uma superprodução no período 2005/2006, com entre 35milhões e 40 milhões de toneladas a mais que no ano anterior.

Borges afirmou que até o momento não há fenômeno climático que justifique uma estimativa de quebra de produção. Para ele, o efeito do clima no Brasil é neutro. Isso poderá se alterar no fim do ano, para quando está sendo anunciada a ocorrência de um novo El Niño, que poderá alterar as condições climáticas, mas só para a safra seguinte. Para ele, a cotação do açúcar demerara, que hoje está em 9,10 centavos de dólar a libra peso, dificilmente romperá a barreira dos 9,50 centavos de dólar a libra peso. “É forte a resistência à subida dos preços nos próximos meses”. O consultor também não acredita em queda acentuada. “Difícil imaginar a cotação do açúcar abaixo de 5,50 centavos de dólar a libra peso”.

O que deverá mesmo determinar a direção das cotações , segundo declarou, será a interpretação que os fundos farão da capacidade de recuperação das lavouras da Índia e dos países do Sudeste Asiático. Caso eles concluam que haverá recuperação, poderão sair de suas posições levando as cotações para níveis substancialmente mais baixos.

Borges lembra que há um ano, os preços estavam por volta dos 5,80 centavos de dólar a libra peso e que saltaram para 8,40 centavos de dólar em dez meses. Há porém a perspectiva de que os preços sejam favorecidos pela desvalorização do dólar frente ao euro. O consultor também não acredita que a crescente procura por álcool no mercado internacional vá influenciar o preço do açúcar.

Mesmo com as oscilações de preços, o Brasil não deverá perder mercado, prevê o analista. Ao contrário, continuará ganhando espaço por causa da sua elevada capacidade de competição no exterior. Além disso, o consumo mundial de açúcar tende a manter o ritmo de crescimento por até 10 anos.

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