Mercado

Alerta no etanol

O etanol tem importância crescente na matriz energética brasileira, mas ainda possui participação modesta em escala internacional, embora as fontes renováveis venham se valorizando na esteira do debate sobre compromissos que as nações precisam assumir para evitar o aquecimento global.

Barreiras à importação de etanol persistem nos países ricos, entre outras razões pelo argumento de que não existem fornecedores no planeta em condições de suprir a demanda em potencial.

A médio prazo, o próprio ambiente de negócios pode contribuir para a supressão das barreiras. Recentemente, a subsidiária brasileira do grupo Shell (um dos maiores do mundo em combustíveis) se associou ao maior produtor de açúcar e álcool no Brasil (a Cosan), já detentora da antiga rede de distribuição da Esso no país. Com isso, o etanol brasileiro ganha um forte reforço na conquista de mercados externos.

Surgiram, porém, problemas de abastecimento no mercado interno que podem alimentar desconfianças.

Como fonte renovável de energia, o etanol se revelou um substituto adequado para a gasolina.

(combustível fóssil). No caso do Brasil, é produzido a custos competitivos a partir da cana. Condições normais de mercado geralmente levam as usinas a dividir sua capacidade de produção entre açúcar e álcool, mas em determinados momentos esse equilíbrio é rompido, pois se torna mais atraente produzir mais um do que outro.

Foi o que aconteceu no ano passado, com a quebra da safra de cana na Índia. As cotações do alimento subiram, porque a própria Índia passou a importar açúcar. Paralelamente, chuvas em excesso retardaram o corte na região Sudeste do Brasil, e a cana não atingiu os índices ideais de sacarose. O resultado é que, mesmo com aumento da produção, o volume de etanol disponível no mercado brasileiro não atendeu plenamente ao consumo. Os preços subiram e o governo foi obrigado a reduzir o percentual de mis! tura de álcool na gasolina.

A maior parte da frota de veículos que usa etanol no Brasil é dotada de motores flex, adaptados para queimar gasolina. Não se verificou um desabastecimento, mas a alta de preços sem dúvida decepcionou consumidores. Com o início da nova safra de cana, essa situação deve se regularizar. Mas do episódio devese tirar alguma lição para se evitar a repetição do problema no futuro.

Não é possível se estocar cana nas usinas e nem etanol por prazos longos, mas com alguma antecedência talvez se possa detectar a possibilidade de escassez para que a correção de rumos seja feita o mais rapidamente possível, e não como aconteceu em 2009/2010.

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