Mercado

Álcool tende a recuar nas distribuidoras, mas sobe em postos

Os preços do álcool combustível, que registraram nova alta nas usinas na semana passada, devem começar a perder força nos próximos dias, com a entrada em safra de mais unidades no centro-sul, afirmaram corretores e uma anlista.

Mas o consumidor deve começar a sentir no bolso esta semana o aumento recente nos preços, avisou o Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de São Paulo) nesta segunda-feira.

Na semana passada, o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP apurou alta expressiva nas distribuidoras, a quarta consecutiva.

O índice Cepea/Esalq, que mede a média de negócios durante a semana, do álcool anidro (misturado à gasolina) ficou 10,3 por cento acima da semana anterior, em 1,07 real o litro (sem imposto, na usina).

Já o hidratado (usado nos veículos flexíveis) atingiu média de 0,96 real o litro, com aumento de 7,2 por cento na semana.

“Esses aumentos (desde fevereiro) deverão ser sentidos nas bombas dos postos de combustíveis até o final desta semana. Lembrando que o álcool anidro é o que compõe a gasolina, certamente o produto também deverá ter seu preço alterado para o consumidor”, declarou o Sincopetro numa nota.

Mas a oferta de álcool da safra 2007/08 começa a ser sentida.

Segundo Mirian Bacchi, pesquisadora do Cepea, negócios com álcool “novo” já saíram ligeiramente abaixo da média do mercado na quinta e sexta-feira passadas. Em função disso, não houve mais alta do produto remanescente da safra antiga.

“Essas (usinas) que entraram (com álcool novo) foi com preço mais baixo. Mas só vai refletir algo no mercado esta semana aqui”, disse Bacchi, por telefone, citando que os negócios foram pouco representativos.

COMPRADOR RETRAÍDO

Segundo vários corretores ouvidos pela Reuters, a perspectiva de aumento na oferta de álcool com avanço da safra do centro-sul e a consequente baixa dos preços fazem com que o comprador adquira apenas o necessário e tente jogar um volume mais consistente de compras para a segunda quinzena de abril.

No centro-sul, 28 usinas já começaram a moer cana da safra 2007/08, que deve gerar uma produção recorde de álcool. E o número de unidades em operação deve subir rapidamente, com o tempo seco permitindo uma colheita sem sobressaltos.

Os corretores ressalvaram, contudo, que o feriado desta semana pode gerar algum aquecimento na demanda por ser um período normalmente de alta no consumo.

“Vai ter certa demanda por causa da Páscoa… mas com certeza vai ter pressão (nos preços)”, afirmou Ivan Bueno, diretor da Mikz Corretora, que aposta numa faixa de mercado entre 1,12-1,15 real por litro do hidratado (com impostos).

Nesta segunda, houve oferta no início do dia a 1,15 real/litro mas os negócios ainda pela manhã já começaram a sair por 1,13 real/litro, tanto hidratado quanto anidro, disse Bueno, que na sexta viu negócios saindo por 1,15 real/litro.

Ele observou que nem o açúcar – que atingiu nesta segunda-feira o menor valor em 19 meses na bolsa de Nova York – nem o mercado de exportação de álcool dão sustentação.

“Hoje é o primeiro dia de uma semana em que várias usinas começarão a trabalhar. Já tem gente com álcool de safra nova, e isso é um fator quase que psicológico para uma queda de preços”, concordou um operador de outra corretora paulista.

Já Marcelo Andrade, diretor da corretora Ecoflex, aposta que a oferta ainda apertada de álcool da safra nova irá garantir sustentação pelos próximos dias.

“Estamos na cabeça da entressafra, em momento crítico, com pouquíssimo anidro para abastecer. Se a safra não começar o mais rápido possível, podemos ter dificuldades”, disse.

O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, afirmou que o aumento foi uma “reação de curto prazo” à oferta restrita e que no fim da semana passada, o mercado já dava sinais de estar “comprado”.

“Não esperamos que a alta continue. Já começa a entrar oferta da safra nova e esses preços (mais altos) devem começar a chegar ao consumidor esta semana, podendo gerar recuo na demanda no curtíssimo prazo”, afirmou Pádua.

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