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Álcool mais caro 3,63%

Abastecer o carro nos postos do Distrito Federal vai ficar mais caro. O preço do álcool vai subir 3,63% a partir de amanhã. Com isso, o litro do combustível deve aumentar de R$ 1,79 para R$ 1,85. A justificativa para o reajuste é a alta dos valores cobrados pelas usinas de cana-de-açúcar. Com essa alta, as distribuidoras também reviram suas tabelas e a conta chegou ao consumidor. Os postos ainda não anunciaram mudanças no preço da gasolina. Mas como esse combustível leva álcool em sua composição, a expectativa é que haja reflexos ainda em agosto.

Com o aumento que chegará às bombas amanhã, o álcool ficará 31% mais barato que a gasolina e ele deixará de ser tão vantajoso. Quando o valor do biocombustível é mais do que 30% mais baixo, o álcool ainda compensa. Quando a diferença fica abaixo desse percentual, a gasolina passa a valer mais a pena. Mas se ela também subir nas próximas semanas, os consumidores deverão manter a preferência pelo álcool.

O diretor da rede Gasol, Antônio Matias, explica que a distribuidora aumentou o valor do litro de R$ 1,3501 para R$ 1,4009 na manhã de ontem. “O reajuste de 3,63% terá que ser repassado ao consumidor. Ainda temos estoques para segurar os preços por uns dois dias. Mas a partir de quarta-feira, os valores vão aumentar”, diz o diretor da rede, que reúne 92 postos de combustíveis na capital federal.

O preço do álcool nas usinas produtoras vinha caindo mas, nas últimas cinco semanas, houve uma retomada dos valores. “Do início de junho até a semana passada, o preço subiu cerca de R$ 0,10 por litro, saltando de R$ 0,58 para R$ 0,68. Mais cedo ou mais tarde, esse aumento chegaria ao consumidor”, explica o vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz.

Entre os consumidores, o anúncio de reajuste causou reclamações. O supervisor técnico Ailton Lucas da Silva, 39 anos, não compreende as razões para o aumento do preço do álcool. Para ele, a medida é absurda. “A ideia é que fosse mais acessível. Por que o valor vai subir, se o Brasil é potência na produção de cana-de-açúcar?”, questiona. Silva tem preferência por esse combustível e gasta, em média, R$ 120 por mês, para encher o tanque e se dirigir de casa, no Lago Norte, para o trabalho, no centro de Brasília. Com a mudança de preço de R$ 1,79 por litro para aproximadamente R$ 1,85, o jeito, segundo o supervisor técnico, será colocar na balança a quantidade de combustível usada e o custo mensal de cada um. “Se não compensar, vou ter de passar a abastecer com gasolina. De qualquer forma, o gasto será maior, e isso é ruim”, reclama.

A opinião de Silva é a mesma da funcionária pública Ana Cristina Juliano, 40 anos. Apesar de te! r um carro flex e sempre optar por encher o tanque com álcool, ela pretende mudar os hábitos. “Algumas pessoas me falavam que era melhor usar a gasolina, e eu nunca dei ouvidos. Agora, começo a achar que a minha escolha não foi a melhor: o álcool rende menos”. A funcionária pública gasta em média R$ 100 por semana no posto de gasolina. O aumento no preço do combustível à base de cana-de-açúcar é mais um motivo levado em conta para a decisão de trocar de combustível. Cristina é categórica: “Se encarecer, aí que não vai compensar mesmo”.

O fato de o biocombustível — apesar de ser mais barato — ser consumido mais rapidamente pelo automóvel é um dos motivos pelos quais o jornalista Sérgio Dalmoro, 34, só abastece com gasolina. Dalmoro possui um carro flex. Mesmo assim, há um ano e meio não usa outro combustível. “Aqui no Distrito Federal, não vale a pena usar o álcool. Se fosse em São Paulo ou em Goiás, valeria”, avalia. Para ele, a mudança no preço do biocombustível não tem e! feito. “Teria, se a gasolina ficasse mais barata, ou se o litro do álcool custasse até 70% do valor do outro combustível”, explica. Além de acompanhar as mudanças nas bombas, Dalmoro traz no carro uma tabela onde confere os valores e chega à conclusão que é melhor abastecer com gasolina.

O estudante Luís Amorim, 20 anos, também se mantém informado a respeito dos preços dos combustíveis, principalmente por conta do irmão, que orienta a família na hora de abastecer. “Ele se interessa pelo assunto e fala para a gente o que é melhor”. Amorim, por enquanto, prefere o álcool, apesar de já ter constatado que o automóvel roda menos quilômetros quando abastecido com o biocombustível. Ele percebeu que a mesma quantia em reais rende dois quilômetros a menos quando usa o álcool. “Se ficar mais caro, vou passar a usar gasolina. Não vai haver motivo para optar pelo biocombustível”, conclui.

Apesar de considerar o aumento abusivo, a estudante Nayara Lemos, 23 anos, não vai mudar o hábito: ela sempre enche um quarto do tanque com o biocombustível e o restante com gasolina. Diferente dos outros entrevistados, a motivação da estudante é ambiental. “O álcool pode até render pouco, ficar mais caro, mas polui menos. Por isso sempre misturo e vou continuar fazendo isso, independentemente do preço.” Por semana, Nayara gasta R$ 70 para abastecer o carro. A estudante conta que achou a proporção para o uso dos dois combustíveis na internet.

COMO FAZER A CONTA

Multiplique o preço do litro da gasolina por 0,7. Sempre que o resultado for superior ao preço do álcool, opte pelo álcool. Exemplo: considere o novo valor do álcool, de R$ 1,85, e o atual preço da gasolina, em média R$ 2,66. A multiplicação do valor da gasolina por 0,7 dá R$ 1,86, apenas R$ 0,01 superior ao cobrado pelo litro do álcool. A diferença é mínima, mas mostra que o álcool ainda é um pouco mais vantajoso.

Do início de junho até a semana passada, o preço subiu cerca de R$ 0,10 por litro, saltando de R$ 0,58 para R$ 0,68. Mais cedo ou mais tarde, esse aumento chegaria ao consumidor”

Alísio Vaz, vice-presidente do Sindicom

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