Mercado

Álcool deve ser estrela da safra de cana 2006/07 no centro-sul

A produção de álcool no centro-sul na temporada 2006/07, que começará a ser processada a partir de abril, deve crescer proporcionalmente mais que a oferta de açúcar, afirmam fontes do setor.

A previsão é reforçada pelas 12 novas usinas que vão entrar em funcionamento em 2006 — todas farão exclusivamente álcool no primeiro ano de operação.

A tendência “alcooleira” da safra é motivada pela expansão projetada do consumo interno do combustível e as perspectivas de exportação. O setor prevê que também a produção de açúcar cresça, já que a oferta de cana deverá ser maior.

“A safra será mais voltada ao álcool. A produção de açúcar cresce, mas não nas dimensões do aumento do álcool”, afirmou Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). A entidade ainda não tem projeções para a próxima temporada.

Na safra 2005/06, cuja moagem deve seguir até dezembro, 52,5 por cento da cana deve ser direcionada para álcool, ante 51,1 por cento na temporada anterior. Para a safra que vem, o percentual cresceria ainda mais.

Pelas contas da Unica, a produção do açúcar tem de aumentar anualmente de 2 a 3 por cento para atender à expansão do mercado doméstico e internacional — sem considerar mudanças geradas por exemplo pela condenação da Organização Mundial do Comércio (OMC) das exportações da União Européia.

Já no caso do álcool, a oferta teria de aumentar em pelo menos 8 por cento.

A intenção do Brasil em direcionar mais cana para o álcool contribui para a recente alta no mercado futuro de açúcar. Esta semana, o produto atingiu o maior valor em quase dez anos.

ÁLCOOL NOVO

Normalmente, as usinas direcionam a cana para a produção de um produto ou outro dependendo do preço no decorrer do ano-safra, no limite entre 40 e 60 por cento para cada um.

Nos últimos 12 meses, o retorno das usinas com álcool superou o do açúcar numa frequência que não ocorria há anos, observou Luiz Carlos Correa Carvalho, diretor da consultoria Canaplan.

“Mesmo agora com o açúcar acima de 11 centavos (por libra-peso, em Nova York), o álcool anidro ainda empata ou supera (o açúcar, em termos de remuneração)”, afirmou ele.

Animadas com este cenário, as 12 novas usinas que entrarão em operação na próxima safra no centro-sul vão produzir exclusivamente o combustível em 2006, deixando o início da produção de açúcar para dentro de dois ou três anos.

Elas poderão agregar já no primeiro ano 600 milhões de litros à produção do centro-sul, que na atual safra deve ficar em 15 bilhões de litros, segundo projeção da Unica.

“Esse volume é importante porque queremos aumentar a oferta. O consumo interno cresce cerca de 1 bilhão de litros e as exportações não são feitas como antigamente — agora existe um mercado mais consolidado”, disse Carvalho.

A capacidade de produção de álcool atualmente instalada na região é estimada em cerca de 16,8 bilhões de litros por ano.

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