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AEA defende o desenvolvimento das fontes renováveis de energia no brasil

A instabilidade política no Oriente Médio sempre preocupou as nações, especialmente pela dependência dos outros países ao petróleo abundante naquela região. O alto preço do barril (em dólar) e a possibilidade do petróleo se extingüir impulsionaram pesquisas por combustíveis alternativos e com fontes renováveis. “O Brasil conseguiu uma certa independência do petróleo com a adoção dos carros bicombustíveis, que rodam tanto com álcool como com gasolina, e tricombustíveis, que também podem rodar com GNV (Gás Natural Veicular)”, destacou Henry Joseph Jr., diretor da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva), durante seminário realizado recentemente pela entidade.

Essa estratégia das montadoras oferece ao consumidor a opção de abastecer ou não seus carros com gasolina. “O Brasil tem grande oferta de território e solo fértil, que pode ser utilizado para o plantio da cana-de-açúcar, a matéria-prima do álcool, por exemplo. Já na Europa essa solução não seria viável. Há anos as montadoras estudam alternativas, além do álcool, que minimizem o uso de combustível derivado de petróleo. Este é o caso do biodiesel, GNV e até de carros movidos à eletricidade”, explica o diretor.

Com relação aos prejuízos ao meio ambiente, estudos indicam que o uso de combustíveis de origem fóssil é apontado como um dos responsáveis pelo efeito estufa. A Comunidade Européia, os Estados Unidos e diversos outros países vêm estimulando a substituição do petróleo por combustíveis de fontes renováveis, incluindo principalmente o biodiesel, diante de sua expressiva capacidade de redução da emissão de poluentes e de diversos gases causadores do efeito estufa.

Expectativas para o biodiesel

Há menos de um ano, analistas diziam que o programa de biodiesel do governo brasileiro para beneficiar famílias agrícolas de baixa renda, baseado na produção de óleo de mamona, era uma idéia inviável. O aparecimento das novas usinas de biodiesel e o aumento dos pontos de revenda parecem ter colocado o Brasil em condições de satisfazer a demanda prevista para 2008, quando uma mistura de 2% de biodiesel se tornará obrigatória para todo o diesel vendido. “O Brasil deve precisar de 800 milhões de litros de biodiesel até janeiro de 2008 para atender à legislação. Ao que parece, até o momento, a produção atingirá e ultrapassará isso com bastante folga”, destaca Joseph Jr.

O biodiesel é um biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou para geração de outro tipo de energia, o qual pode substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil. Ele substitui o óleo diesel de petróleo em caminhões, tratores, camionetas, automóveis ou até geradores de eletricidade e calor. “No Brasil, não é permitido o uso de diesel por veículos de passeio e, portanto, os automóveis não podem ser abastecidos com biodiesel também”, pontua o diretor da AEA.

Veículos elétricos híbridos ganham espaço

Outra solução na busca por novas alternativas para a matriz energética brasileira são os Veículos Elétricos Híbridos (VEH). Dotados de um motor térmico (gasolina, álcool, diesel ou gás) acoplado a um motor elétrico, eles começam a ganhar espaço nos Estados Unidos e Europa, mas ainda são quase desconhecidos no Brasil. As principais empresas do setor automotivo estão investindo no veículo híbrido, que demonstrou ser mais viável do que o elétrico puro. No Brasil, a utilização de híbridos começou pelo setor de veículos comerciais, em especial, nos ônibus. Fabricados pela empresa brasileira Eletra, os ônibus elétricos circulam pela cidade de São Bernardo do Campo (SP) e já são exportados para outros países.

Os ganhos de eficiência são maiores em relação ao elétrico puro. “As emissões de poluentes por parte dos VEH caem pela metade em relação aos veículos comuns. Além disso, os híbridos são muito econômicos por não usarem energia quando estão parados em semáforos ou congestionamentos”, comenta Joseph Jr.

Gás Natural Veicular e a crise com a Bolívia

Já o Gás Natural Veicular, uma realidade em várias cidades do Brasil, é uma opção econômica para a substituição da gasolina como combustível. Mesmo com a medida de nacionalização imposta pela Bolívia, aumentando a tarifa sob as importações, o abastecimento de gás natural no Brasil não será prejudicado.

“A nacionalização do gás na Bolívia não atinge a questão da venda do produto ao Brasil. O contrato com o País vai até 2019, mas o Brasil não quer aumentar a dependência do gás natural boliviano. Por isso, estão sendo feitos altos investimentos para viabilização de novos postos de extração de gás natural, como o da Bacia de Santos. Em pouco tempo, o gás boliviano será suprido por gás natural nacional”, finaliza Joseph Jr.

A AEA, fundada em 1984, é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover discussões técnicas ligadas ao setor automotivo, energético e de transporte em geral. Entre os membros associados estão: montadoras de veículos, fabricantes de motores e autopeças, produtores e distribuidores de combustíveis, representantes da área acadêmica, institutos de pesquisa públicos e privados e órgãos governamentais. Os trabalhos e avaliações realizadas na AEA se desenvolvem por meio de comissões técnicas. A AEA atua junto à sociedade como um todo, consolidando sua condição de entidade tecnicamente isenta e independente.

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