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Açúcar impulsiona faturamento de usinas

Uma estratégia mais agressiva de venda de açúcar fez com que a soma do faturamento dos grupos sucroalcooleiros com capital aberto na BM&FBovespa crescesse 30% no segundo trimestre da atual safra 2011/12, mesmo com a forte quebra da safra de cana. Juntas, Cosan (Raízen Energia), São Martinho e Tereos Internacional /Guarani registraram receita líquida de R$ 3,5 bilhões no período, ante R$ 2,7 bilhões no mesmo intervalo do ciclo passado. O bom desempenho pode não se repetir nos próximos trimestres. É consenso entre as companhias que a produção será menor, quadro que deverá ganhar força nos próximos meses.

O que ocorreu nesse segundo trimestre (julho a setembro), diz Marcos Lutz, presidente da Cosan, é que as cotações do açúcar, já altas, atingiram patamares acima do esperado para embarque imediato. A companhia, portanto, aproveitou a vantagem logística de que dispõe, por meio de sua controlada Rumo Logística, para acelerar as exportações e captar melhores preços, explicou Lutz em recente conferência com jornalistas.

Assim, no segundo trimestre a Raízen Energia, controlada pela Cosan e pela anglo-holandesa Shell, vendeu 1,5 milhão de toneladas de açúcar, 9,7% mais do que as 1,37 milhão de toneladas de igual intervalo do ciclo anterior.

De acordo com informações divulgadas nos balanços das três companhias listadas, a Cosan obteve no trimestre o maior preço médio de venda de açúcar do trio: R$ 986,5 por tonelada, valor 7,6% superior ao preço médio de venda da São Martinho e 8,2% acima do alcançado pela comercialização da Tereos Internacional/Guarani.

“Deve-se considerar parte desse volume como antecipação dos trimestres subsequentes, uma vez que o volume do ano safra 2011/12 será impactado por uma safra pior do que a anterior”, avaliou a Cosan em comunicado ao mercado. No mesmo documento, a empresa revisou a expectativa de produção da commodity. Antes previa algo entre 3,9 milhões e 4,3 milhões de toneladas, agora acredita em, no máximo, 4,1 milhões de toneladas.

A São Martinho também acelerou as vendas de açúcar nesse trimestre. Com isso, os estoques disponíveis – 169,584 mil toneladas – ao final do trimestre para serem comercializados nos próximos meses caíram 29,5% em relação à mesma posição de 2010.

No acumulado dos seis meses da atual safra, 2011/12, a empresa vendeu 516 mil toneladas de açúcar, 6% mais, apesar da produção 11% menor no período. Somente no segundo trimestre, a comercialização do produto cresceu 10%.

A venda feita até o fim do segundo trimestre pela São Martinho representa 67% de toda a produção esperada de açúcar para a temporada, revisada nesta semana de 860 mil para 770 mil toneladas.

“A estratégia foi vender mais açúcar e evitar gargalos logísticos mais à frente”, afirma Fábio Venturelli, presidente da São Martinho.

Apesar de ter registrado no trimestre recuo de sua margem Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), reflexo dos aumentos dos custos de produção vindos da quebra na safra, a São Martinho mantém a margem mais elevada dos três grupos.

Com maior percentual de cana própria do trio, a companhia, com origem em Pradópolis (SP), teve no segundo trimestre uma margem de 41%, ante os 31,3% da Raízen Energia e 32% de Ebitda ajustado da Guarani. “Usamos Ebitda ajustado pois consideramos os tratos culturais como custos e não como investimentos”, esclarece o CEO da Tereos Internacional, Alexis Duval.

Com forte atuação no mercado interno, a Guarani foi a que menos vendeu açúcar no trimestre. “Percebemos uma menor produção e reduzimos o ritmo de vendas. Com isso, teremos uma menor queda de receita nos próximos trimestres”, detalhou Duval.

A empresa tem ainda estocados 47% de sua produção de açúcar para comercializar nos próximos dois trimestres do ano fiscal. A companhia também revisou para baixo sua moagem de cana, apesar de ainda não ter divulgado quanto menor será a fabricação de açúcar e etanol. “Prevíamos inicialmente moagem de 18,5 milhões de toneladas de cana, mas devemos concluir a safra com cerca de 16,2 milhões”, diz o presidente da Guarani, Jacyr Costa Filho. “Nossa avaliação é que em todo o Centro-Sul não haverá compensação com preço dos volumes perdidos com essa quebra de safra”, completa Costa.

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