Mercado

Açúcar ganha mais força na malha da ALL

O açúcar deverá “desbancar” a soja em grão e se tornar o produto – agrícola ou não – mais transportado pela malha ferroviária da América Latina Logística (ALL) nos próximos anos. Parceria recém-assinada pela companhia com a trading asiática Noble Group deverá agregar um movimento de mais 1 milhão de toneladas em São Paulo a partir de 2012, turbinando um volume total de açúcar que em 2011 já deverá ultrapassar a barreira de 10 milhões de toneladas.

De acordo com Leandro Martins Gasparin, gerente comercial das áreas de açúcar e fertilizantes da ALL, com esse aumento a tradicional liderança da soja em grão nos trilhos da empresa deverá ser superada, ainda que a soma entre os movimentos d e grão e farelo tenda a manter o chamado “complexo soja” no topo. Tanto o açúcar quanto a soja vivem bons momentos nos mercados internacional e doméstico, com demanda aquecida e preços nas alturas.

ALL e Noble já mantêm acordo para o escoamento de grãos, e o estreitamento da relação a partir da nova parceria em açúcar segue um dos modelos preferidos pela companhia de logística. O Noble fará um investimento de R$ 45 milhões em um terminal de transbordo ferroviário de açúcar em Votuporanga, no interior paulista, e a ALL, em contrapartida, garantirá o escoamento do produto, sobretudo ao porto de Santos, para exportação.

O terminal de Votuporanga só deverá entrar em operação em meados de 2012. Mas, como a parceria da ALL com a Rumo Logística, controlada pela Cosan, também deverá gerar um movimento superior a 8 milhões de toneladas de açúcar em 2011, Gasparin estima que o volume total da commodity escoado aos portos de Santos e Paranaguá, no Paraná, já será superior a 10 mi lhões de toneladas neste ano.

Neste caso são “toneladas úteis”, como frisa o executivo da ALL. Na tabela ao lado, que mostra a movimentação de commodities na estrutura da empresa nos dois últimos anos, o indicador utilizado é a “tku”, ou tonelada por quilômetro útil. “O aumento dos investimentos dos clientes na ferrovia é estratégico”, diz Gasparin. Em Votuporanga, a capacidade estática será de 75 mil toneladas. E o volume inicialmente previsto de 1 milhão de toneladas, segundo a ALL, poderá depois crescer para 2,5 milhões.

“A Noble do Brasil sente-se honrada em investir na região, promovendo crescimento econômico e gerando empregos”, afirma Maurício Mizhari, presidente da subsidiária, em comunicado conjunto divulgado pelas empresas. Procurado pelo Valor, o Noble Group não concedeu entrevista.

Em dezembro passo, a trading asiática surpreendeu o mercado e adquiriu as duas usinas do Grupo Cerradinho, de Catanduva, também em São Paulo. Antes desse negócio, já cont ava com duas unidades sucroalcooleiras, em Sebastianópolis e em Votuporanga. Quando estiverem com capacidade plena, essas duas últimas terão capacidade para processar entre 9 milhões e 10 milhões de toneladas por safra.

No acordo firmado com a ALL, o Noble também se comprometeu a reformar 240 vagôes graneleiros destinados ao transporte de açúcar, de acordo com a ALL.

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