Mercado

Açúcar e etanol impulsionam exportações agrícolas

Preços mais altos estimularam contratos futuros para embarques em outubro passado. Pela primeira vez, o complexo sucroalcooleiro superou as carnes e a soja e alcançou a liderança nas exportações do agronegócio. No mês passado, as vendas externas de açúcar e álcool somaram US$ 1 bilhão, acréscimo de 150% em relação ao mesmo período de 2005. O bom desempenho do setor respondeu por metade do incremento dos embarques do agronegócio brasileiro entre janeiro e outubro.

No acumulado do ano, o campo comercializou US$ 40,8 bilhões, receita 13% superior à obtida no mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O aumento de US$ 2,28 bilhões no comércio exterior do complexo sucroalcooleiro, entre janeiro e outubro, foi o diferencial neste acréscimo verificado na balança comercial do agronegócio.

De janeiro a outubro, o campo adquiriu US$ 5,3 bilhões, aumento de 28% em relação ao mesmo período de 2005. Com isso, o saldo da balança comercial do agronegócio foi superavitário em US$ 35,58 bilhões no acumulado do ano.

O bom desempenho do complexo sucroalcooleiro foi verificado tanto em preços quanto em volume. Enquanto os embarques do álcool quase duplicaram, passando de 285,5 milhões de litros para 544,8 milhões de litros (variação de 90,8%); as receitas praticamente triplicaram, saltando de US$ 89 milhões para US$ 276 milhões em um ano (variação de 210%). No mesmo período, o movimento do açúcar foi o inverso: o crescimento no volume foi superior ao da receita. As divisas com vendas do produto evoluíram de US$ 322,8 milhões para US$ 757,1 milhões (alta de 134%). Enquanto isso, em relação a outubro do ano passado, os embarques passaram de 1,3 milhão de toneladas para 2,29 milhões de toneladas (acréscimo de 76%).

“Foi um ano de ouro para o setor sucroalcooleiro”, diz Fábio Silveira, analista da RC Consultores. Segundo ele, se continuar neste ritmo, o complexo pode passar outros dois importantes do agronegócio: a soja e as carnes. “Não em curto prazo, mas há um horizonte favorável, pois nos próximos cinco anos a produção vai crescer até 40%”, afirma Silveira. Apenas neste ano, se a receita sucroalcooleira continuar no ritmo de crescimento registrado em outubro, o setor poderia passar de quarto para terceiro colocado entre os complexo, à frente dos produtos florestais, no acumulado de 12 meses.

Para Gil Barabach, analista da Safras & Mercado, os resultados de outubro refletem a situação de preços altos no início do ano, quando as cotações foram as maiores dos últimos 25 anos. “Houve uma programação de embarques com a fixação lá atrás”, acredita. Ângelo Bressan, diretor do Departamento de Açúcar e Álcool do ministério acrescenta que, no caso do álcool, problemas de abastecimento nos Estados Unidos estimulara as exportações brasileiras. Além disso, segundo Barabach, o fato de a União Européia ter de cumprir as exigências da Organização Mundial do Comércio (OMC), após o painel solicitado pelo Brasil, abriu o mercado mundial de açúcar refinado para o produto nacional.

Demais produtos

De janeiro a outubro as exportações de soja – principal produto da pauta brasileira – e de carnes praticamente ficaram estáveis, com variação de 1,4% e 2%, respectivamente, somando US$ 8,29 bilhões e US$ 6,99 bilhões. Os embarques de carnes foram inibidos pelos embargos impostos devido à ocorrência da febre aftosa (ver matéria acima). Por outro lado, as vendas de soja acompanharam a evolução modesta da safra. Quanto às importações, a variação mais significativa no ano foi para o trigo: alta de 46%, somando US$ 775 milhões, devido à quebra na safra brasileira do cereal.

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