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Açúcar e álcool derrubaram nível de emprego industrial em SP no mês de novembro

A sazonalidade da indústria de açúcar e álcool e outros setores confirmou as expectativas de redução do nível de emprego na indústria paulista em novembro. Conforme dados divulgados hoje pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), foram fechados 14.814 postos de trabalho, com redução de 0,96% em relação ao mês de outubro. Até mesmo no interior paulista, onde o nível de emprego vinha apresentando elevações, mesmo que tímidas, a variação ficou negativa em 1,06% ante outubro.

Dos 21 setores pesquisados pelo Ciesp, 12 apontaram desempenho negativo e, somados, eles representam 60,98% do emprego no Estado. Em volume de vagas, o setor de produtos alimentares (que inclui açúcar) fechou 11.032 postos de trabalho, o que representa baixa de 3,55% em relação ao mês anterior. No setor de destilação de álcool e refino de petróleo, que abrange produção de etanol, o índice de emprego caiu 8,45% com encerramento de 2.693 vagas.

“O dínamo da indústria foi o etanol e o açúcar. É uma tendência que se acentua e tem um efeito multiplicador em outras atividades, como a de máquinas e equipamentos”, diz Boris Tabacof, diretor do departamento de economia do Ciesp. Segundo a entidade, das 89 usinas de cana-de-açúcar no país, 41 estão no Estado de São Paulo sendo que nove delas entraram em operação neste ano.

Exemplo dessa influência pesada da indústria sucroalcooleira sobre o nível de emprego é que a maior evolução nas contratações neste ano foi em abril (+1,48%), devido ao início da safra. O movimento foi similar em 2004 e 2005, quando os meses de abril e maio registraram o pico de abertura de vagas no estado. Portanto agora, em período de entressafra, é natural que haja a dispensa de cortadores de cana e consequente recuo no nível de emprego.

Mas a sazonalidade não se aplica apenas a essa atividade. O setor de calçados, por exemplo, fechou 2.057 postos de trabalho em novembro, o que representa uma queda de 4,18% perante o mês de outubro. Por ser um produto não perecível, assim como o setor de tecidos, a produção das encomendas para o Natal pode ser antecipada. Nesta época do ano, com o comércio abastecido, a tendência é de dispensa dos trabalhadores excedentes.

Apesar de essa diminuição do número de empregos industriais ser esperada para novembro e dezembro, Tabacof reforça que o desempenho do setor industrial poderia ter sido melhor se houvesse condições melhores de competitividade, sobretudo em relação ao câmbio.

Na visão do dirigente, essas condições melhores incluiriam uma política cambial que não afetasse tanto o setor produtivo, pois o real valorizado diminuiu o faturamento das empresas brasileiras com exportações e, ao mesmo tempo, aumenta a competição interna por causa dos preços baixos de produtos importados.

O Ciesp não alterou suas projeções para este ano. Segundo Tabacof, a indústria paulista deve crescer 3,2% em 2006, com expansão de apenas 1% da taxa de emprego. Até novembro o indicador acumula aumento de 2,33%, com 48.424 vagas criadas. Entretanto, o mês de dezembro deve apontar queda de mais de 1% nessa taxa, levando a indústria paulista a fechar o ano com praticamente metade das vagas somadas até o momento, ou seja, algo entre 22 mil e 25 mil empregos.

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