Mercado

A vez do consumidor

Ao parar no posto para abastecer, a maioria dos consumidores brasileiros não tem muita opção: são obrigados a colocar no tanque o combustível para qual o carro dele foi preparado. Com a chegada dos motores flex, o consumidor passou a ter opções . Com esse tipo de veículo, basta fazer a conta para saber qual o tipo de combustível é mais vantajoso para o bolso. Por esse fator, em particular, esse tipo de motor deve dominar o mercado futuramente.

O aumento de 10% no preço da gasolina, liberado pelo governo no último fim de semana, ainda não chegou integralmente às bombas. A alegação da cadeia do abastecimento é que não há como segurar o repasse. Em Minas, trabalhamos com margens menores de lucro. Não tem como absorver esse aumento. Certamente, esse valor será repassado na íntegra , afirma Paulo Miranda, presidente da Minaspetro (Associação do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais). De acordo com a pesquisa de Agência Nacional de Petróleo (ANP), o preço médio da gasolina em Belo Horizonte, em 30 de agosto, era R$ 2,10. Se o aumento chegar mesmo na casa dos 10%, o motorista da capital pode pagar mais de R$ 2,30 pelo litro de gasolina.

Para ter competitividade frente ao combustível fóssil, o preço ideal do álcool tem que se manter próximo a 70% do que é cobrado pela gasolina. Ou seja, em um cenário em que a gasolina chegue a R$ 2,30, o álcool deve ficar na casa dos R$ 1,61. A média de preços do álcool em 30 de agosto em BH, segundo a ANP, era de R$ 1,45. Assim, os números mostram que, mesmo que o álcool sofra o mesmo reajuste – e não há razão para isso acontecer – o combustível que tem sua origem na cana-de-açúcar se mostrará uma melhor opção. Além do preço levemente menor, ele tem a vantagem de dar mais potência ao motor.

Vou colocar álcool só por causa do aumento da gasolina. Acho que o álcool vai subir também. Aí, volto para a gasolina , afirma o engenheiro civil Flávio Henrique Moreira, de 41 anos. Ele fica sempre atento ao consumo do Palio Weekend 1.8 que dirige. Os últimos levantamentos mostram que o carro gasta 9 km/l com gasolina e 6,7 km/l com álcool. Não fiz as contas, mas estou muito satisfeita com o meu carro flex, porque posso colocar os dois combustíveis . Eu vario bastante, mas agora estou optando pelo álcool. Não trocaria meu carro por um de um combustível , conta a empresária Fernanda Gomes, de 38 anos.

O brasileiro olha o bolso. Agora, com o flex, o consumidor resolveu o problema dele. Ele simplesmente pode escolher o que é melhor. Acredito que até 2007, o mercado vai ser completamente dominado pelos bicombustíveis , afirma Luiz Custódio Costta Martins, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e da Fabricação de Álcool (Siamig/Sindaçúcar- MG).

Apesar da chegada definitiva dos flex – a participação no mercado de novos é de 60% -, a venda de álcool tem caído. Só nesse ano, a queda foi de 16% em relação ao ano passado, segundo o sindicato. O quadro pode ser revertido futuramente com o aumento da gasolina, que passou a ser uma espécie de concorrente, e se o objetivo de reduzir a aliquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o álcool de 25% para algo na casa dos 12%, for cumprido, ficará igual a tarifa cobrada no diesel, a mais barata entre os combustíveis fósseis.

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