Mercado

A corrida para o ouro do álcool

A contínua elevação dos preços do petróleo no mercado mundial, aliada aos preços altamente atrativos do açúcar e o advento muito bem-sucedido dos motores flex fez com que os empresários do setor sucroalcooleiro, capitalizados nestes últimos três anos, dessem início a uma verdadeira nova corrida para o “ouro”, voltando os olhos para as regiões mais propícias à cana, como o Noroeste e Alta Paulista, no Estado de São Paulo, no Mato Grosso do Sul e no Triângulo Mineiro. As unidades que já iniciaram a produção e as que iniciarão nos próximos dois anos têm um mix de produção de aproximadamente 40% para açúcar e 60% para álcool.

Estes empresários, com total domínio da atividade, lançaram-se na nova empreitada, contando ainda com uma melhor infra-estrutura de escoamento para o álcool e apostando nas iniciativas privada e de governo (leia-se Petrobras).

No entanto, o que está por vir é que impressiona!

Centenas de grupos e empresários de outros setores da economia, fundos de investimentos de todo o mundo estão estudando e avaliando as possibilidades de produção do álcool no Brasil. São mais cautelosos, pois desconhecem totalmente o assunto e vão mais a fundo nas análises de viabilidade econômica e de logística. Por isso, é preciso apresentar estudos e conclusões a um número muito maior de pessoas, grande parte delas no exterior.

Nesse momento entram em cena as tão faladas “novas fronteiras agrícolas”, com milhões de hectares de pastagem de baixa produtividade e um percentual bem menor de áreas de grãos, em estados como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Maranhão e com quantidades menores de terras aptas tecnicamente viáveis para cana nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia.

Na escolha dessas novas áreas, alguns fatores têm que ser levados em conta e são de vital e imprescindível importância: a topografia do solo para permitir a colheita mecanizada (declividade inferior a 12%), água para irrigação e logística para escoamento visando aos mercados externos. Os estados mencionados e as regiões agora procuradas têm, na maioria, um déficit hídrico pronunciado e bem definido no período de colheita, o que demandará mais intensa irrigação distribuída nas soqueiras, que vão além da irrigação dita de salvamento.

O interessante é que tanto os novos empresários quanto os tradicionais, em sua grande maioria, estão arrendando terras, e não as adquirindo. Terras estão deixando de ser reservas de valor para valerem quanto e quando produzem. Os estados e municípios estão disputando estes novos investidores com uma série de incentivos fiscais e facilidades para adequar a infra-estrutura das indústrias.

Diante disso tudo, a perspectiva é de que teremos um mercado aquecidíssimo, com uma previsão de crescimento de 20 a 30% nos próximos cinco anos da produção alcooleira no País. Mas para atender ao aumento da demanda, seria necessário um incremento de 100 % da produção brasileira de álcool.

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