Mercado

“75% DO FATURAMENTO VÊM DO ETANOL”

Nesta segunda parte da entrevista, Ricardo Tomczyk, presidente da UNEM, comenta sobre os ganhos com o etanol de milho, que custa bem menos para ser produzido na comparação com o da cana

“75% DO FATURAMENTO VÊM DO ETANOL”

O Mato Grosso é o principal estado produtor de etanol de milho e vive o problema da falta de escoamento. Como está a situação?

Ricardo Tomczyk – O foco da produção de etanol no Mato Grosso é o mercado dos estados do Norte e Nordeste. É um mercado que ainda tem estrutura deficitária, mas está sendo implantada de maneira muito rápida.

Estrutura rodoviária?

Ricardo Tomczyk – Parte rodoviária e parte hidroviária, que é por navegação. Estamos já conseguindo adentrar o mercado do Norte com pequenos volumes por navegação. E muito em breve deverá começar a cabotagem a partir de Belém para o Nordeste.

Além da questão logística, o etanol de milho enfrenta que outro tipo de entrave?

Ricardo Tomczyk – A questão tributária ainda é um desafio. Ela incide no etanol, no mesmo caso do etanol de cana, e incide no DDG, diferentemente da incidência do farelo de soja. E incide no óleo de milho, que é diferente do óleo de soja.

A biomassa necessária para funcionar a unidade é outro desafio?

Ricardo Tomczyk – As unidades demandam muita biomassa para gerar vapor. Majoritariamente é usado eucalipto. Há quantidade. Mas há o custo para o transporte. Nos primeiros cinco anos de operação tem impacto no custo de produção.

Qual é o custo médio de produção do etanol de milho?

Ricardo Tomczyk – As empresas não abrem essa informação, mas é mais baixo que o custo do etanol de cana.

O litro produzido de etano de cana custa em média R$ 1,50 no Estado de São Paulo.

Ricardo Tomczyk – No Mato Grosso as unidades de milho fazem o litro por menos do que isso.

Como está a oferta de miho?

Ricardo Tomczyk – Hoje vivemos um pico de preço do milho e um vale no preço do etanol. Por conta da queda da safra americana, a saca no Mato Grosso vale R$ 26. No ano passado, a aquisição média da saca foi de R$ 18. Já no caso do etanol, a indústria recebe médios R$ 1,60.

O etanol de milho brasileiro poderá disputar o mercado externo?

Ricardo Tomczyk – Se o Brasil hoje é importador de etanol, não faz sentido pensar em exportação. O que vemos sentido é disputar com o etanol importado.

Qual o peso dos DDGs no faturamento de uma unidade produtora?

Ricardo Tomczyk – 75% do faturamento vem do etanol, o DDG responde por 20%, a cogeração de eletricidade fica com 2% e o restante cabe ao óleo, que rende pouca produção: 18 litros por tonelada.

Não dá para pensar que quem manda é o DDG porque isso é mito. O DDG e o óleo de milho são coprodutos. Subproduto não temos nenhum. Aliás, talvez um subproduto seja a cinza da biomassa que é queimada, mas é capturada.

O DDG fica no Brasil?

Ricardo Tomczyk – Sim. Temos um mercado enorme a ser conquistado.

O DDG substitui a soja na alimentação do gado?

Ricardo Tomczyk – Em um primeiro momento ele talvez seja um competidor do farelo de soja. Mas a tendência é que não tire o farelo, mas entre em uma dieta para o boi que não comia o farelo de soja. É mais barato que o farelo. Vira uma alternativa para quem não tinha alternativa. O DDG abre um mercado então inexistente para bovinos.

Qual é o preço médio de venda da tonelada de DDG?

Ricardo Tomczyk – Em média entre R$ 500 a R$ 600 a tonelada do DDG padrão com 32% de proteína.

Qual é a previsão de entrada de novas unidades de etanol de milho?

Ricardo Tomczyk – Hoje temos 10 e sete em fase de construção. Outras duas plantas foram anunciadas recentemente. A previsão é termos 20 unidades em produção em até três anos.

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