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União Européia, EUA e México: de que forma afetam o mercado global de açúcar?

Confira artigo de Julio Maria Borges

Foto: Anh Nguyen/Unsplash

Julio Maria Borges*

O artigo a seguir foi postado originalmente na website Canal Rural

Os comentários que faremos são extraídos do 17th Annual Jenkins Sugar Group (JSG) /JOB Economia  Sugar Seminar realizado em 13 de Maio deste ano no hotel Park Lane, em NY.

União Europeia (UE) 

Palestrante: Toby Cohen – ASR Group Vice President

O mercado de açúcar branco refinado na UE tem demanda de 17 mi t , demanda esta que mostra tendência de queda.

Além disso, cerca de 2 mi t  são usadas na produção de etanol.

De seu lado, os preços do açúcar no mercado interno acompanham os preços do mercado internacional.

Mas como estes preços estão baixos, inferiores aos custos de produção, o setor produtor de açúcar na UE conclui que o produtor perdeu e o consumidor ganhou com a recente reforma do regime açucareiro.

Em função desta situação, os produtores estão em busca de redução de custos e aumento de eficiência na produção.

A produção de açúcar nesta nova safra 2019 será menor na UE: 17 mi t versus 19 mi t em 2018.

Do lado do consumo, que mostra tendência de baixa, observa-se que bebidas com açúcar estão sendo taxadas na UE.

Na África do Sul acontece o mesmo.

Este movimento está em linha com hábitos de consumo mais saudáveis, onde o consumo de açúcar em excesso aparece como vilão.

Estados Unidos e México

Palestrante: Frank Jenkins – JSG President

Analisando os preços do açúcar bruto (demerara) no período Maio/18 a Abril/19 , observamos que o contrato 11 de NY (mercado internacional) registrou preço médio de 12¢/lb.

Por outro lado, o produtor de açúcar nos Estados Unidos vendeu sua safra por 25 ¢/lb.

A produção de açúcar nos EUA não tem ultrapassado 9 mi t, sendo 55% deste total açúcar de beterraba. A importação controlada representa 24% do consumo de 12 mi t açúcar “stricto sensu”.

Por outro lado, considerando a demanda de todos adoçantes calóricos utilizados no mercado americano, também em queda, aquela ultrapassa ligeiramente 20 mi t.

Neste caso, o xarope de milho representa cerca de 1/3 do consumo total.

Proteção

No México o grau de proteção da indústria de açúcar é maior.

Mas o preço do açúcar bruto no período Maio/18 a Abril/19 foi de 25¢/lb para as exportações para os EUA.

Porém, no mercado interno os preços oscilaram entre 30 e 35 ¢/lb , dependendo se o açúcar era standard (cristal) ou refinado, respectivamente.

Para fins de comparação, cabe lembrar que em São Paulo, no mesmo período, o preço do açúcar bruto exportado teve como referência 12¢/lb.

E o preço do açúcar comercializado no mercado interno não alcançou 14 ¢/lb.

Nestas condições adversas de preços ,  a situação econômico-financeira das usinas piorou  na safra passada.

Respondendo a pergunta inicial deste post, podemos afirmar que:

1-       Todavia, a UE, com seu novo regime açucareiro, não distorce mais o mercado mundial de açúcar pois os preços que pratica estão em linha com o mercado internacional.

Desta forma, sofre as consequências de preços baixos ou altos neste mercado e ajusta a oferta a estas condições.

Preços baixos

Por sua vez, é por esta razão que se comenta na UE que a recente reforma do sistema açucareiro beneficiou o cliente e prejudicou o produtor.

Porém, isso ocorre já que o mercado externo tem praticado preços baixos de açúcar nos últimos anos.

2-       Finalmente, Estados Unidos e México são ilhas açucareiras protegidas da concorrência internacional e que prejudicam o mercado internacional.

Mas isso ocorre na medida em que produtores menos eficientes e protegidos com preços altos criam oferta.

Por fim, essa oferta prejudica o crescimento dos produtores mais eficientes como Brasil, UE e Austrália.

 

*Sócio-Diretor da JOB Economia e Planejamento.

Email: julioborges@jobeconomia.com.br      

Site: www.jobeconomia.com.br

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