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Reunião define agenda prioritária para o fortalecimento da infraestrutura no setor do agronegócio

Na Fiesp, o ministro dos Transportes, Renan Filho, defendeu os investimentos públicos no setor e as diretrizes para as obras incluídas no Novo PAC

(Foto: Ayrton Vignola/Fiesp)
(Foto: Ayrton Vignola/Fiesp)

Em um encontro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na última semanas, o Ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou a importância dos investimentos públicos na área de infraestrutura, com foco nas diretrizes para as obras presentes no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A reunião, realizada em conjunto pelo Conselho Superior de Infraestrutura (Coinfra) e pelo Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), teve como tema central a melhoria da infraestrutura para o setor do agronegócio.

Durante o evento, o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, ressaltou a indispensabilidade da infraestrutura para a competitividade industrial. Ele observou a queda nos investimentos em relação ao PIB nos anos recentes e a necessidade de um aumento substancial na próxima década para recuperar o setor. Josué apontou que o agronegócio também sofre com essa carência de infraestrutura adequada.

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Renan Filho, diretor do Departamento de Infraestrutura (Deinfra) e vice-presidente do Coinfra, sublinhou a necessidade de investimentos de longo prazo na infraestrutura para promover a reindustrialização do país.

No âmbito da infraestrutura, Renan Filho apresentou uma avaliação do estado atual do setor, destacando que cerca de 96% da rede federal de transporte estão cobertos por contratos de manutenção, mas enfrentam a falta de recursos. Ele também mencionou os desafios ocasionados pelas fortes chuvas no primeiro trimestre e pelo aumento na movimentação da safra de grãos. O Ministro ressaltou que, no período de transição de governo, mais de 100 obras federais estavam com ritmo reduzido ou completamente paradas.

Na perspectiva de Renan Filho, a presença de investimentos públicos na infraestrutura é crucial, pois o investimento privado muitas vezes depende do setor público. Ele salientou que, apesar das concessões e Parcerias Público-Privadas (PPPs), o setor privado não conseguiu preencher as lacunas existentes, afetando a competitividade dos produtos nacionais. Esse fator tem reflexos no ranking do IMD World Competitiveness Center, que coloca o Brasil em posição inferior a países como África do Sul, Mongólia, Argentina e Venezuela.

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No encontro, foi assinado Acordo de Cooperação Técnica. (Foto: Ayrton Vignola/Fiesp)

No contexto do agronegócio, Renan Filho destacou a relevância desse setor, que alimenta aproximadamente 800 milhões de pessoas, representa 25% do PIB nacional e contribui com 48% das exportações brasileiras em 2022. Ele ressaltou que o crescimento do país tem uma base significativa no sucesso do agronegócio.

Uma área sensível mencionada pelo Ministro é a armazenagem, que não tem acompanhado o crescimento do setor. Estima-se que a cada safra, US$ 20 bilhões são perdidos no processo de produção e transporte dos produtos agrícolas. Renan Filho enfatizou a importância de países terem capacidade para armazenar 120% do que produzem, enquanto o excedente de soja e milho no Brasil atualmente atinge 96 milhões e 50 milhões de toneladas, respectivamente.

No que tange ao Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Renan Filho anunciou um investimento de R$ 280 bilhões em rodovias e ferrovias. Desse montante, R$ 94,2 bilhões serão destinados a ferrovias (R$ 6 bilhões do setor público e R$ 88,2 bilhões do privado), e R$ 185,8 bilhões serão investidos em rodovias (R$ 73 bilhões públicos e R$ 112,8 bilhões privados). Ele elogiou a decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir a continuidade dos estudos para a construção da Ferrogrão, uma ferrovia de 933 quilômetros que ligará Sinop – MT a Miritituba – PA, um corredor vital para escoar a produção do Centro-Oeste.

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As diretrizes do novo PAC incluem incentivo ao investimento privado, aumento dos investimentos nacionais, estímulo à geração de emprego e renda, além da integração da infraestrutura com processos de reindustrialização e transição ecológica. Renan Filho destacou que o Brasil possui uma vantagem competitiva ao produzir sem esgotar seus recursos naturais.

O encontro também testemunhou a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica entre a Fiesp e o setor público. Esse acordo visa a colaboração em ações conjuntas, como estudos sobre eficiência no transporte, redução dos custos logísticos, expansão da infraestrutura, diminuição da burocracia, análises de demanda e desenvolvimento de tecnologias de transporte.

O Acordo de Cooperação Técnica foi formalizado pelo Ministro dos Transportes, Renan Filho; o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva; o diretor-presidente da Infra SA, Jorge Luís Macedo Bastos; o presidente do Cosag, Jacyr Costa; e o diretor titular do Deinfra e vice-presidente do Coinfra, Julio Ramundo.

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