A norma ABNT NBR ISO 27065 foi disponibilizada no final de abril e versa sobre os requisitos de desempenho para vestimentas protetivas produzidas no país, empregadas por trabalhadores rurais aplicadores de agrotóxicos.
A publicação foi possível após intenso trabalho da CE 32:006.03 (Comissão de Estudos de Luvas e Vestimentas de Proteção/Riscos Químicos), composta por entidades, pesquisadores e empresas.
“Na prática, os estudos que deram origem à primeira versão dessa norma tiveram início em 2004”, destaca o pesquisador científico Hamilton Ramos, membro da comissão de estudos e também coordenador do programa IAC de Qualidade de Equipamentos de Proteção Individual ou EPI na Agricultura (IAC-Quepia). Esta iniciativa une a indústria da área ao Centro de Engenharia e Automação (CEA), do Instituto Agronômico (IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, em Jundiaí.
Ramos é considerado no Brasil um dos precursores da inovação atrelada à qualidade dos EPI. Representantes das indústrias de agrotóxicos e EPI, por exemplo, atribuem a ele parte da responsabilidade pela evolução tecnológica das vestimentas e de luvas protetivas para aplicadores de agrotóxicos.
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O pesquisador figura desde 2004 como membro do Comitê Técnico ABNT/CB 032, que conduziu esforços e iniciativas de pesquisas com vistas ao aprimoramento da norma ISO 27065. O conteúdo de base do novo documento, complementa Ramos, abrange requisitos de desempenho, classificação e etiquetagem para vestimentas protetivas utilizadas no manuseio de agrotóxicos (fungicidas, herbicidas, inseticidas e outros).
Ramos acrescenta ainda que o programa IAC-Quepia se dedica, nos dias de hoje, a uma série de estudos complementares em torno da seleção de matérias-primas capazes de reduzir a exposição do aplicador de agrotóxicos.
“Auxiliamos à indústria do setor a buscar certificações baseadas nas normas da ISO para esses produtos”, reforça Ramos. Interligado a um Consórcio formado por oito países, incluindo Estados Unidos, França, Alemanha e Eslovênia, o programa IAC-Quepia fornece um selo próprio, o “Selo Quepia”, a fabricantes de EPI que atendam parâmetros de segurança, resistência e qualidade de tecidos, conforme ressalta o pesquisador.
Criado há 17 anos, “por isso detentor de um acervo altamente qualificado na área de estudos sobre EPI”, diz Ramos, o programa IAC-Quepia reduziu as reprovações de qualidade de vestimentas protetivas agrícolas fabricadas no Brasil, que em 2010 eram da ordem de 80% do montante analisado no laboratório de Jundiaí-SP. Hoje, celebra ele, esse número é inferior a 20%.