A prevenção e as estratégias de combate a incêndios são o assunto do segundo Canaoestecast, o podcast da Canaoeste, levando em conta que o tema é de extrema importância, principalmente nesta época do ano, que é marcada pela estiagem.
Disponibilizado nesta terça-feira (29), no YouTube da associação, o novo episódio comandado por Fábio Soldera, gestor da Canaoeste, mostra os cases dos produtores associados José Eduardo do Val, de Ribeirão Preto-SP, e Gustavo Guimarães Lamonato, de Jardinópolis-SP, já que ambos têm ampla experiência na superação de secas severas, geadas e ocorrência de incêndio em suas propriedades. O analista ambiental Artur Tufi também participou do podcast.
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A expectativa dos produtores é que as condições climáticas deste ano contribuam para a redução da ocorrência de queimadas. “Em 2021, tivemos uma seca severa e geada com intensidade que não acontecia há 30 anos, mas, como choveu bastante no verão e as temperaturas estão mais amenas, os riscos tendem a ser menores”, informa Lamonato, que, no entanto, alerta que não se deve baixar a guarda.
“A gente não pode amolecer, porque, daqui para frente, principalmente em agosto, começa a ventar muito e a temperatura aumenta e a umidade cai, então o risco realmente é muito grande. Costumo dizer que a questão não é se vai pegar fogo, mas quando, porque, com esse nosso clima, é muito fácil por qualquer ignição e a propagação é muito rápida”, advertiu Do Val.
Para Do Val, o importante é fazer a lição de casa. “Manter o aceiro em dia desde o início da safra e constantemente fazer a manutenção”, disse.
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Para auxiliar nas ações de combate ao fogo, a Canaoeste criou, para os associados, um sistema de monitoramento 24 horas via satélite. No caso de um foco de incêndio, o satélite vai detectar essa massa de calor, sua localização, a direção do vento e quais as propriedades que estão na rota do fogo, permitindo que os produtores sejam avisados”, informou Tufi. Segundo ele, o sistema também permite a elaboração de um mapa de risco, com a identificação das áreas sujeitas a focos de incêndio.
No decorrer da conversa, também se falou da estrutura mínima, com caminhões e carros-pipas, dos quais as unidades produtoras devem dispor, para aplicar as primeiras medidas de combate quando um foco de incêndio é identificado.
Outra questão abordada pelo podcast é a da recuperação ambiental das áreas afetadas pelas queimadas, com implantação de mudas nativas, num trabalho que, além da recuperação da flora, contribui para a preservação da fauna. Vítima de grande degradação em suas terras em 2021, Lamonato desenvolveu, em sua propriedade, um projeto de restauração ecológica, com plantio de seis mil mudas de árvores nativa.
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“Aparecem espécies que fazia tempo que não aparecia, animais, passarinhos. É muito legal e gratificante ver o resultado do que nós tivemos lá em 2021”, disse o produtor.
A Portaria CFA nº 16, de 01/09/2017, que definiu os critérios objetivos para o estabelecimento do nexo causal pela omissão, exclusivamente para as ocorrências de incêndios canavieiros de autoria desconhecida, também foi pauta do podcast. Através da regulamentação, foram definidos 14 critérios objetivos que estabelecem algumas regras para o produtor rural realizar boas práticas na plantação de cana para evitar a ocorrência e a propagação de focos de incêndio.
Para o analista ambiental Artur Tufi, o mais importante desses 14 critérios, inclusive o número um da portaria, é o aceiro.
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“É justamente o aceiro entre a área agrícola, o talhão de cana e as áreas de vegetação nativa, seja APP, reserva legal, unidade de conservação. Esse critério é o mais importante porque é o que muitas vezes vai definir se você vai ter uma autuação ou não. E é o critério que vai proteger a vegetação nativa de um eventual incêndio. O aceiro tem que ser levado muito a sério, principalmente, na questão de manutenção, ou seja, manter sempre esses locais limpos, com terra exposta, terra nua, sem nenhum tipo de vegetação, seguindo sempre a metragem correta”, explicou Tufi.